O primeiro caso confirmado de coronavírus no Brasil ocorreu em fevereiro de 2020 e a vacinação se iniciou no país em janeiro de 2021 através de um plano de priorização de grupos no qual pessoas com comorbidades, incluindo pacientes oncológicos, foram priorizados. Mesmo que existam dados que comprovem a eficácia da vacinação, entender como se deu este processo para os pacientes onco-hematológicos é fundamental, além de identificar os ganhos, inseguranças e reações durante o processo. Este estudo tem como objetivo identificar as percepções dos pacientes onco-hematológicos sobre o impacto da vacinação contra a Covid-19 em suas vidas e tratamento.

Estudo observacional e descritivo realizado por meio de aplicação de questionário, auto preenchido, através da plataforma Survey Monkey. O formulário foi aplicado, em fevereiro de 2023, em pacientes onco-hematológicos cadastrados no banco de dados da Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale). Os critérios de exclusão foram pacientes com cadastro incompleto, pacientes que faleceram e registros duplicados. Foram realizadas análises descritivas e os resultados foram expressos em porcentagem.

Participaram da pesquisa 117 pacientes onco-hematológicos, dos quais 87% receberam orientação médica para se vacinar contra a Covid-19. Desses pacientes, todos se vacinaram contra a Covid-19 e alguns (39%) sentiram efeitos colaterais, sendo dor muscular (73%), febre (45%), calafrio (41%) e fadiga (39%) os mais comuns. Aqueles pacientes que não se vacinaram (3%), 67% alegam ter receios sobre a vacina e terem recebido orientação médica para não se vacinar e esperar o término do tratamento. A maioria (81%) dos pacientes apontaram que a cidade/estado em que residem incluiu os pacientes oncológicos no grupo prioritário para a vacinação, enquanto os demais (16%) não sabiam a respeito ou não foram incluídos (3%). Parte dos pacientes (33%) tiveram dúvidas sobre a vacina e as mais frequentes foram se deveriam se vacinar (49%), quais vacinas poderiam tomar (41%) e se os efeitos colaterais eram piores em pacientes oncológicos (41%). Na maioria das vezes (67%), os pacientes tiraram as dúvidas com o próprio médico, mas a internet (36%) também foi um canal importante de informação.

O estudo permitiu identificar as percepções dos pacientes onco-hematológicos durante o processo de vacinação contra a Covid-19. Os dados refletem que aqueles pacientes que receberam orientação médica, se vacinaram contra a Covid-19, porém os receios, a insegurança e a desinformação permearam a recusa de alguns pacientes.

Os resultados apontam que a falta de informação, declarada pelos pacientes, causou impacto na vacinação contra a Covid-19 em pacientes onco-hematológicos. Além disso, a internet é um meio de informação importante e muito utilizado pelos pacientes para tirar as dúvidas. Desta forma, torna-se necessário investir cada vez mais em comunicação em saúde para transmitir efetivamente aos pacientes todas as informações necessárias.