Descrever a epidemiologia das internações por doença de Hodgkin em crianças, ocorridas na região norte no período de 2016 a 2020.

Este é um estudo transversal descritivo sobre a epidemiologia das internações por doença de Hodgkin em crianças, ocorridas na região norte do Brasil entre as datas de 1°de janeiro de 2016 a 31 de dezembro de 2020. Os dados foram obtidos pelo Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). Utilizou-se informações contendo o ano de internação, número de óbitos, unidade da federação, bem como o sexo, a cor e a faixa etária da população de estudo. Como se tratam de dados secundários, não se faz necessário a aprovação por um Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Foram utilizados os seguintes programas: Microsoft Word e o Microsoft Excel, para redação de texto e tabulação de dados.

Foram notificadas 279 internações por Doença de Hodgkin em crianças na região Norte do Brasil, no período de 2016 a 2020. Quanto à distribuição anual das internações, os anos com maior número de casos foram 2019 com 32,25%, 2018 com 23,29% e 2020 com 15,77%. Ao se avaliar as notificações conforme a unidade da federação, obteve-se que o Pará foi o estado que mais se destacou com 76,34% das internações, seguido do Amazonas (10,75%) e Tocantins (6,1%). Ademais, no quesito raça/cor, 73,47% dos indivíduos eram pardos; 10,75% eram brancos; 2,5% eram pretos. Tratando-se do sexo da população de estudo, 67,38% eram do sexo masculino, enquanto 32,62%% eram do feminino. Quanto à faixa etária, observou-se que 53,4% das crianças possuíam idade entre 10 e 14 anos; 34,76% entre 5 e 9 anos; 11,11% entre 1 e 4 anos; e 0,71% eram menores de 1 ano. Por fim, apenas 5 indivíduos foram a óbito.

A Doença de Hodgkin (DH) faz parte de um grupo de doenças denominado linfomas, um câncer relacionado a uma linfoproliferação maligna, afetando principalmente gânglios linfáticos, baço e amígdalas. Nesse sentido, a maioria dos pacientes com essa doença são jovens, sendo aproximadamente 5% dos casos de câncer infantil para até 15 anos de idade, o que entra em consonância ao número expressivo de internações de crianças por tal patologia no Norte do Brasil, sobretudo, no estado do Pará, no qual os linfomas representam a 5ªneoplasia mais incidente. Percebe-se que, em consonância com dados nacionais, a incidência de internações por DH oscilou durante o período analisado. Além disso, como em todos os tipos de linfomas o sexo masculino predomina em taxa mortalidade, era previsto esse maior número de internações em relação ao sexo feminino. Em relação à faixa etária, também está em concordância, pois entre a população infantil, é mais comum em crianças maiores, sendo raro antes dos cinco anos de idade. Ademais, tal patologia é curável em cerca de 75% dos casos, por isso a baixa quantidade de óbitos analisada na pesquisa.

Durante o período analisado, verificou-se 279 ocorrências de internação por doença de Hodgkin em crianças na região norte, sendo o ano de 2019 o líder em notificações. Entre os estados, o Pará foi o mais acometido. O perfil epidemiológico encontrado foi compatível com a literatura, prevalecendo o sexo masculino, cor parda e idade entre 10 a 14 anos. Apenas 5 óbitos foram registrados em todo o período. Diante disso, faz-se necessário o rastreamento precoce da doença a fim de reduzir os seus impactos na sociedade, sobretudo, na população pediátrica.