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Vol. 43. Núm. S1.
Páginas S35-S36 (Outubro 2021)
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ARTRITE FÚNGICA REFRATÁRIA EM PACIENTE EM TRATAMENTO DE APLASIA DE MEDULA ÓSSEA
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1776
F Bahia-Coutinho, SA Santana, CPC Hugo, PCRE Ferreira, BAM Azevedo, IOF Junior, JSS Soares, JL Vendramini, EDC Vianna, CAC Lisboa
Hospital das Clínicas, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil
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Masculino, 21 anos, diagnosticado com Aplasia de Medula Óssea muito grave, em maio de 2021, sem doador aparentado, tratamento de primeira linha: timoglobulina, ciclosporina e eltrombopag e corticoide para controle da doença do soro. No nono dia do protocolo imunossupressor, apresentou seu terceiro episódio de neutropenia febril, clinicamente queixava de mialgia intensa e febre recorrente, sem instabilidade hemodinâmica. Ampliada cobertura antimicrobiana com meropenem e micafungina. Hemoculturas apresentaram crescimento de Candida Tropicalis com menos de 24 horas do evento. Pesquisa de foco fúngico profundo negativa. Hemoculturas sem crescimento se microrganismo após 48 horas de micafungina, porém o paciente mantinha febre diária. No D18, evoluiu com dor e edema no joelho esquerdo, sem restrição de movimento. Realizada punção articular, que confirmou artrite séptica por Candida Tropicalis. Mantida micafungina e realizada lavagem articular, sem resposta clínica adequada, com manutenção de febre diária, dor e edema articular. No D28, foi repetida a tomografia de tórax devido a manutenção de febre e presença de sibilos na ausculta. Exame detectou surgimento de nódulo pulmonar em vidro fosco, sem galactomana disponível. Aventada a possibilidade de infecção pulmonar por fungo filamentoso associado, sendo substituído micafungina por voriconazol. Clinicamente estável com persistência de febre, com vários picos diários, sendo a articulação do joelho como foco persistente. Foram realizadas 3 abordagens no joelho com lavagem da cavidade articular e coleta de líquido sinovial, que evidenciou persistência da Candida Tropicalis articular, apesar de 41 dias de terapia antifúngica e de hemoculturas persistentemente negativas.

Discussão

As infecções articulares por Candida são incomuns, com quadros clínicos mais crônicos e subagudos. Há poucos dados na literatura sobre o tema, sendo a maioria relatos de casos. Uma revisão publicada em 2016 com 112 casos mostrou que a maioria ocorre em pacientes não neutropênicos e que não estão recebendo corticóides ou outros imunossupressores. Diferente do paciente em questão, imunossuprimido grave, sem garantia de uma recuperação imune/hematológica, com quadro clínico agudo podendo se agravar, sendo a infecção potencialmente fatal. A Candida albicans é a espécie mais comum, enquanto a Candida tropicalis, agente desse caso, foi isolada em apenas 14% dos pacientes. Nessa revisão, apenas 20% eram pacientes hematológicos. A maioria dos casos de artrite séptica fúngica ocorrem após candidemia ou outra candidíase e o joelho é a articulação mais acometida. Em relação ao tratamento, o guideline de candidíase da ISDA de 2016 recomenda terapia combinada (antifúngico com drenagem cirúrgica) em todos os casos de artrite por Candida. Fluconazol e equinocandina são as opções de primeira escolha e a anfotericina B é uma alternativa. O tratamento em geral é prolongado, podendo durar mais de 1 ano. Em pacientes onco-hematológicos submetidos a quimioterapia intensiva ou portadores de falência medular com neutropenia muito grave, a infecção fúngica deve ser sempre investigada e tratada de forma precoce.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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