
A Fundação Hemominas, Hemocentro público de Minas Gerais, realiza, na Central de Imunohematologia (CIH), os testes necessários, tanto em amostras de doadores quanto de receptores, para auxiliar na compatibilização dos hemocomponentes. Além dos exames de rotina, a CIH realiza testes especializados, sorológicos e moleculares, com o intuito de elucidar casos complexos, como aqueles relacionados a fenótipos raros. A identificação de fenótipos raros em pacientes pode contribuir para a compatibilidade de hemocomponentes e, dessa forma, evitar reações transfusionais.
ObjetivosO presente estudo tem como objetivo descrever a aplicação de técnicas de biologia molecular na CIH para auxiliar na resolução de casos complexos de pacientes aloimunizados para os quais há suspeita de ocorrência de anticorpos contra antígenos de alta frequência.
Material e métodosCasos complexos de pacientes com suspeita de aloimunização envolvendo fenótipos raros de grupos sanguíneos foram selecionados pela CIH. Os pacientes foram previamente submetidos a testes sorológicos especializados para a identificação de anticorpos irregulares, tendo havido suspeita de aloimunização contra antígeno de alta frequência (duas suspeitas de anti-Vel, duas suspeitas de anti-Dib, duas suspeitas de anticorpos contra antígenos do sistema Gerbich e uma suspeita de anti-Fy3). Análises moleculares de alelos dos sistemas Gerbich, Diego, Vel e Duffy foram realizadas de acordo com protocolos disponibilizados na literatura e aplicadas na resolução dos casos. Técnicas de GAP-PCR, PCR em tempo real, PCR-RFLP e PCR-alelo-específica foram empregadas.
ResultadosNo período do estudo sete casos foram analisados, sendo que para três deles foi confirmada a ocorrência de genótipos associados à ausência de antígenos de alta frequência, o que reforçou a suspeita de aloimunização relacionada a fenótipos raros. Tais casos envolviam anticorpos dos sistemas Gerbich (paciente homozigoto para o alelo Yus), Vel (paciente homozigoto para o alelo SMIM1*64_80 del) e Diego (paciente homozigota para o alelo DI*A ). Dois pacientes sendo um com suspeita de anti-Fy3 e um com suspeita de anti-Ge2 apresentaram resultados inconclusivos e serão submetidos a investigações complementares. Para os demais pacientes (n=2) não foram detectados genótipos que corroborassem as suspeitas de aloimunização contra os antígenos de alta frequência levantadas pela CIH a partir dos testes sorológicos. Para pacientes homozigotos para antígenos de baixa frequência os irmãos foram avaliados em busca de doadores compatíveis, tendo sido identificado um familiar homozigoto para o alelo Yus do sistema Gerbich.
DiscussãoOs resultados dos testes moleculares foram úteis, contribuindo na elucidação dos casos analisados, além de permitir a possibilidade de atendimento hemoterápico mais específico para os receptores que apresentam fenótipos raros.
ConclusãoA aplicação de testes de biologia molecular na resolução de casos complexos em Imunohematologia, sobretudo aqueles envolvendo fenótipos raros é de grande utilidade, dadas as limitações das ferramentas sorológicas.
ApoioFundação Hemominas e FAPEMIG.