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Vol. 43. Núm. S1.
Páginas S14 (Outubro 2021)
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ANÁLISE DO MICROBIOMA EM ÚLCERA DE PERNA DE PACIENTES COM ANEMIA FALCIFORME
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F Mendes-Oliveiraa,b, R Martinsb, VR Souzaa, F Gomesc, E Bolinac, M Ozahatab, L Francob, AB Carneiro-Proiettia, E Sabinob, AR Belisárioa
a Fundação Centro de Hematologia e Hemoterapia do Estado de Minas Gerais (Hemominas), Belo Horizonte, MG, Brasil
b Instituto de Medicina Tropical, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, Brasil
c Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil
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Introdução

As úlceras de perna (UP) na doença falciforme (DF) são relativamente comuns, dolorosas e persistentes. A microbiota presente em UP de indivíduos com DF não é conhecida.

Objetivo

descreve a microbiota da UP em pacientes com DF e comparar com a microbiota presente na pele integra.

Métodos

De junho de 2017 a abril de 2019, 87 pacientes HbSS do Hemocentro de Belo Horizonte (Fundação Hemominas) e 30 participantes saudáveis foram inscritos, pareados por sexo e idade. Quatro grupos de amostras foram obtidas: caso 1 - UP; caso 2 - pele íntegra de pacientes com UP; controle 1 - pele íntegra de pacientes com DF e sem histórico de UP; e controle 2 - pele íntegra de participantes sem DF e sem histórico de outras doenças crônicas. O DNA bacteriano foi extraído utilizando o FastDNASpin Kit (MP Biomedicals) e a amplificação do domínio V4 do gene 16S RNAr foi realizada. As amostras foram quantificadas com o fluorímetro Qubit®2.0 (InvitrogenTM) e a biblioteca foi realizada pelo Ion Chef System. O sequenciamento conduzido pela plataforma Ion Torrent e as sequências analisadas pelo QIIME 2. As métricas das diversidades alfa (OTUs, uniformidade de Pielou, Shannon, Simpson, Chao1 e diversidade filogenética de Faith) e beta (Jaccard, Bray-Curtis, UniFrac não ponderada e UniFrac ponderada) foram estimadas por Kruskal-Wallis e PERMANOVA, respectivamente. Além disso, realizou-se análise de abundância diferencial (ANCOM).

Resultados

Foram sequenciadas 84 amostras, sendo 22 amostras de UP, 17 de pele íntegra de pacientes com UP, 23 de pele íntegra de paciente HbSS sem história de UP e 22 de pele íntegra do participante sem DF e outras doenças crônicas. Diferenças estatísticas foram encontradas entre amostras dos diferentes grupos para a diversidade alfa (p < 0,05), com exceção das amostras de pele íntegra dos pacientes DF com UP e sem UP. A diversidade pelo índice de Pielou não apresentou diferenças estatisticamente significativas entre os grupos de pele íntegra. Na diversidade beta, diferenças estatísticas foram observadas (p < 0,05), exceto na comparação da pele íntegra dos pacientes com UP e a dos pacientes sem história de UP pelo índice de Unifrac ponderada. Dos 38 filos de bactérias identificados, os de maior abundância foram Proteobacteria, Firmicutes e Actinobacteria. Na comparação entre as peles íntegras, diferenças significativas foram encontradas na abundância do filo OP3 (p = 0,01890; p = 0,04890) para a pele íntegra dos pacientes com e sem UP e entre a pele íntegra dos pacientes sem UP e dos controles sem história de doenças crônicas, respectivamente. As diferenças também foram observadas nas abundâncias dos filos FBP (p = 0,01560), Nitrospirae (p = 0,00799) e SBR1093 (p = 0,00697) para a pele íntegra dos pacientes com UP e dos sem histórico de doenças crônicas. A espécie Kocuria palustris apresentou maior abundância nas UP (86%).

Discussão

O microbioma contribui no equilíbrio da saúde humana e são raros os estudo que o correlacionam com as úlceras de perna na AF. Houve diferenças significativas na microbioma presente na LU e pele íntegra, sugerindo que a microbiota pode contribuir para a persistência da ferida, podendo ser alvo de tratamentos.

Conclusão

Nosso estudo mostrou diferenças na diversidade microbiana das UP quando comparada com a pele íntegra. Além disso, descreveu-se pela primeira vez maior abundância da espécie Kocuria palustris na UP, sugerindo associação com a persistência da ferida.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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