Compartilhar
Informação da revista
Vol. 45. Núm. S4.
HEMO 2023
Páginas S917-S918 (Outubro 2023)
Compartilhar
Compartilhar
Baixar PDF
Mais opções do artigo
Vol. 45. Núm. S4.
HEMO 2023
Páginas S917-S918 (Outubro 2023)
Acesso de texto completo
ADOECER: UMA DURA REALIDADE
Visitas
182
RS Mendes
Fundação Centro de Hematologia e Hemoterapia de Minas Gerais (Hemominas), Juiz de Fora, MG, Brasil
Este item recebeu
Informação do artigo
Suplemento especial
Este artigo faz parte de:
Vol. 45. Núm S4

HEMO 2023

Mais dados

Para a compreensão do processo saúde-doença torna-se relevante o entendimento do conceito de saúde. A OMS conceitua saúde como sendo um estado de completo bem-estar físico, mental e social. Existem dimensões simbólicas que perpassam o processo saúde-doença, uma vez que a saúde está registrada num corpo que é simbólico, determinado pela linguagem e suas representações culturais, ou seja, o ser humano está inserido numa complexa interação entre aspectos físicos e mentais. Antes mesmo de um bebê nascer já existem certas coisas que são esperadas dele. O relacionamento entre pais e bebês começa muito antes do nascimento. O novo ser é falado antes mesmo de nascer. A princípio, só existe uma expectativa confessa e consciente dos pais: que o bebê nasça perfeito e saudável. Entretanto, também existe os desejos inconscientes. Freud, em Sobre o narcisismo: uma introdução, explica o desejo dos pais em relação a seus filhos: “(...) a criança concretizará os sonhos dourados que os pais jamais realizaram – o menino se tornará um grande homem e um herói em lugar do pai, e a menina se casará com um príncipe como compensação para sua mãe (...)”. O brilho do filho, ou a ausência dele, lança o seu reflexo sobre os pais, criando efeitos imaginários, ou seja, se o filho desperta orgulho, admiração ou vergonha, esses sentimentos recaem sobre os pais. Diante do exposto, pode-se dizer que o filho é investido de histórias ocultas e/ou reveladas que o perseguiram por toda a sua vida. E quando o bebê nasce necessitando de tratamento? Aponta-se uma ambivalência de sentimentos, impotência em mudar esta dura realidade que demandará assistência desgastante e contínua tanto de ordem profissional, financeira, emocional e social. Os desafios serão diários, restringindo muito dos compromissos familiares. Nas famílias com mais de um filho, muitas vezes a mãe acaba abdicando dos cuidados com outros filhos em prol daquele que precisa de um tratamento contínuo. O que muitas vezes acirra as rivalidades entre irmãos. Por outro lado, presenciamos com frequência a pessoa centrar sua vida na doença. Apresentando desinteresse pelas atividades da vida, tais como estudo e/ou trabalho. Sua vida gravita em torno da doença. O que pode provocar a redução do campo de relacionamento e um retraimento sobre si mesmo. Frequentemente os pacientes e seus familiares relatam escutar que as pessoas com doenças crônicas não vivem muito, “não vingam”. Tais previsões tão amplamente divulgadas só contribuem para desestimular os projetos de vida. O pensamento é mais ou menos o seguinte: “(...) para quê estudar e trabalhar se não vou viver muito!”. Quando se é acometido por uma doença somos colocados em contato com as duas maiores incertezas da vida: o sofrimento da doença e do morrer. Na medida em que o adoecer nos afasta da condição de saúde e segurança, aproxima-nos diretamente de uma condição de finitude e vulnerabilidade. O adoecimento é vivido, então, como um verdadeiro “golpe do destino” e sinaliza a possibilidade de, prematuramente, romper ou nos separar do real. É preciso então, que os profissionais de saúde ligados ao sujeito que padece de algum mal, estejam atentos para cuidar com dignidade, que implica para além de um sofrimento físico, mas para um verdadeiro sentimento de desamparo que inunda o paciente.

O texto completo está disponível em PDF
Idiomas
Hematology, Transfusion and Cell Therapy
Opções de artigo
Ferramentas