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Vol. 42. Issue S2.
Pages 16-17 (November 2020)
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TROMBOSE ESPLÊNICA COMO PRIMEIRA MANIFESTAÇÃO DE HEMOGLOBINÚRIA PAROXÍSTICA NOTURNA
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C.O. Borges, A.A. Garcia, A.L.J. Silva, C.R. Camargo, G.M. Raitz, I. Garbin, J.C. Oliveira, L.N. Farinazzo, M.S. Urazaki, N.F. Beccari
Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP), São José do Rio Preto, SP, Brasil
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Objetivo: Relatar caso clínico de trombose abdominal espontânea cuja investigação culminou no diagnóstico de Hemoglobinúria Paroxítica Noturna (HPN). Metodologia: Os dados foram obtidos por meio de entrevista e revisão de prontuário, com autorização prévia do paciente. Relato de caso: Masculino, 57 anos, admitido em janeiro de 2019 pela equipe da Cirurgia Geral do Hospital de Base da Fundação Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, com queixa de dor em andar superior do abdome. Durante a investigação, foi diagnosticada por angiotomografia trombose de veia esplênica. Solicitada avaliação da equipe da hematologia para orientação quanto à anticoagulação e à investigação de trombofilias. À avaliação, paciente relatou quadro de lesões dermatológicas semelhantes a foliculite, hiporexia, inapetência, febre vespertina, perda ponderal de 14 quilos em 5 meses (> 10% do peso corporal). Ao ultrassom de abdome, detectada esplenomegalia moderada (794 cm3) e baço acessório. Nos exames laboratoriais, apresentava anemia normocítica e normocrômica, leucocitose com neutrofilia e contagem plaquetária normal. A pesquisa de trombofilias hereditárias foi negativa. O valor da desidrogenase láctica (DHL) era 5 vezes maior que o limite superior da normalidade e motivou a pesquisa de clone HPN com resultado positivo, revelando perda total da expressão de CD55 e CD59 em 13% das hemácias e 95% dos granulocitos, caracterizando HPN tipo III. O paciente iniciou anticoagulação e uso de corticoide oral até obtenção de eculizumabe. Após inicio da terapia com o anticorpo monoclonal, houve melhora completa das queixas apresentadas no início do quadro. Atualmente encontra-se em vigência de tratamento, sem anemia ou elevação do DHL. Discussão: A investigação diagnóstica em tromboses de sítios não usuais inclui diversos exames laboratoriais, principalmente quando não há um fator adquirido facilmente associado como neoplasias, traumas ou cirurgias. No caso clínico, o valor elevado do DHL, associado a sintomas pouco específicos, suscitou a pesquisa para HPN, uma causa rara de falência da medula óssea, podendo cursar com anemia hemolítica, tromboses e citopenias. A expansão clonal de uma célula hematopoiética mutada que não expressa duas proteínas de membrana, CD55 e CD59, leva a ativação descontrolada do sistema complemento que além da hemólise maciça pode provocar ativação plaquetária e estimular vias de sinalização que ativam a coagulação, propiciando maior risco de trombose. A Trombose é a principal causa de morte entre os pacientes com HPN, e o local de maior ocorrência é abdominal, seguido por trombose de seio venoso. Raramente é a primeira manifestação da doença, mas ocorre em cerca de 40% dos pacientes sem tratamento. Acomete preferencialmente o território venoso. O risco de trombose é maior quando há mais de 60% de clones HPN no setor granulocítico. O Eculizumabe bloqueia a via final da ativação do complemento e diminui significativamente a ocorrência de hemólise e a predisposição a tromboses. Com a introdução desta terapia, houve aumento da expectativa de vida de 10 para 20 anos, comparável aos controles com a mesma faixa etária e comorbidades. Conclusão: O relato de caso ressalta a importância de investigar HPN em situações clínicas onde há associação de trombose em sítios não usuais, como abdominal, e elevação de DHL. A dosagem desta enzima é um teste laboratorial simples, facilmente acessível e pode trazer a luz essa hipótese diagnostica.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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