Journal Information
Vol. 44. Issue S2.
Pages S17-S18 (October 2022)
Share
Share
Download PDF
More article options
Vol. 44. Issue S2.
Pages S17-S18 (October 2022)
Open Access
RITUXIMABE COMO TRATAMENTO DA SÍNDROME HIPERHEMOLÍTICA NA ANEMIA FALCIFORME: RELATO DE CASO
Visits
688
FT Sazaki-Junior, MMO Barros, P Vicari, MS Figueiredo
Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP, Brasil
This item has received

Under a Creative Commons license
Article information
Special issue
This article is part of special issue:
Vol. 44. Issue S2
More info
Introdução

Anemia falciforme (AF) afeta mais de 250 milhões de pessoas e clinicamente caracteriza-se pela por crises dolorosas vaso-oclusivas e fenômenos hemolíticos. Várias complicações, tanto agudas quanto crônicas requerem transfusão de sangue (complementar ou de troca). Assim, esses pacientes são propensos a desenvolver complicações transfusionais, incluindo aloimunização e, mais raramente, síndrome hiper-hemolítica (SHH).

Objetivos

Relatar um caso bem sucedido de tratamento com Rituximabe em paciente com SHH na AF.

Relato de caso

Homem, 35 anos, com AF interna devido a úlceras de membros inferiores infectadas. Apresentava Hb 6,2 g/dL, Ht 18,7%, VCM 95,4 fL, Leucócitos 19074/mm3 (Neutrófilos 14687/mm3), plaquetas 453 mil/mm3, reticulocitos 391700/mm3, DHL 552 U/L, Bilirrubinas totais 2,35 /indireta 1,31 U/L. Possuía antecedentes de acidente vascular encefálico isquêmico na infância, priapismo de repetição, úlceras de membros inferiores e múltiplas transfusões sanguíneas. Optado por manter Hb; 9,0 g/dL e antibioticoterapia ampla recebendo alta após 8 dias com melhora do quadro. Após 5 dias é reinternado com priapismo e queda de Hb (Hb 6,4g/dL, Ht 19%, Reticulócitos 512000/mm3, leucócitos: 18600/mm3, plaquetas 538 mil/mm3, DHL 518 U/L, TAD negativo e HbS de 24,8%. Optado por observação e IGIV sob suspeita de SHH visto queda rápida de Hb. Após 5 dias de IGIV ele recebeu nova transfusão com Hb pré de 6,8 g/L e após transfusão 5,9 g/L e HbS 52,1% confirmando o diagnóstico de SHH. Paciente recebeu rituximabe 1000 mg, 2 infusões com intervalo de 2 semanas entre as mesmas com resolução de quadro hemolítico e independência transfusional (HbA1 65,6% e HbS de 29,8%).

Discussão

SHH é diagnosticada quando ocorre anemia grave paradoxalmente após uma transfusão de sangue (Hb pós < Hb pré-transfusão). Resulta em hemólise concomitante das hemácias transfundidas e autólogas. Acredita-se que o mecanismo subjacente, a esta rara e geralmente fatal complicação, seja secundário a resposta imune contra os fosfolipídios expostos da membrana eritrocitária. A predisposição para SHH na AF também é variada e a busca por um padrão ou valor de predição tem sido evasiva. Pode ser dividida em 2 formas baseadas no tempo de transfusão até o desenvolvimento dos sintomas e formação de aloanticorpos. Aguda: sintomas clínicos são observados dentro de 7 dias pós transfusão. Os aloanticorpos geralmente não são formados nesse período e, portanto, um teste direto de antiglobulina (TAD) para detectar aloanticorpos provavelmente seria negativo. Tardia: sintomas clínicos são observados além de 7 dias após transfusão, e formação de aloanticorpos é mais provável. O TAD neste caso provavelmente seria positivo. Neste relato, a forma aguda foi observada porque os sintomas foram observados 5 dias após a transfusão e o TAD foi negativo. O tratamento visa suporte e evitar transfusões. IGIV e esteroides em altas doses mostram bons resultados em casos leves por suprimir a ativação macrofágica, encurtando a duração da hemólise. O Rituximabe também pode ser usado nestes casos de SHH e AF, como neste relato, com bons resultados.

Conclusão

SHH é rara e necessita de pesquisas mais extensas para determinar indivíduos com maior predisposição a essa complicação de alta mortalidade. O alto índice de suspeição pode ser fundamental no manejo bem como monitorar pacientes com múltiplas transfusões.

Full text is only aviable in PDF
Idiomas
Hematology, Transfusion and Cell Therapy
Article options
Tools