A doação de sangue representa um importante ato voluntário e altruísta de saúde pública em todo o país, embora tenhamos uma grande população de 211.755.692 pessoas estimada em 2020, o número de pessoas que doam sangue é baixo e de acordo com o Ministério da Saúde representa apenas 2% do total da população. Com a pandemia da COVID-19 cria um receio na população ao ato de doação de sangue e a necessidade de isolamento social só dificulta este ato. No início de 2021 o Ministério da Saúde estimou uma redução da doação de sangue no nosso país entre 15% e 20% em comparação com o ano que antecedeu a pandemia. O objetivo deste estudo foi avaliar o perfil dos doadores novos que compareceram para doação na Sede do Hemocentro de Ribeirão Preto, de acordo com a idade, sexo, tipo de doação e os motivos que aprovam ou reprovam estes novos doadores de acordo com os critérios da triagem clínica comparando os dados antes e durante a pandemia. Foi realizado um estudo observacional e retrospectivo dos números referente às doações de sangue na Sede Hemocentro de Ribeirão Preto, por meio da coleta dos dados do sistema informatizado no período de janeiro de 2019 a dezembro de 2020. As doações de sangue total dos novos doadores aprovados nos critérios de triagem clínica foram reduzidas de 3681 para 3348, representando uma diminuição de 9% desse tipo de doação. A coleta de plaquetas por aférese aumentou de 42 para 82 doações, o que significa um aumento de 51,2% destes doadores. Mesmo com o aumento das doações por aférese, o estoque continua crítico devido à grande demanda desses hemocomponentes. Os motivos que mais incentivam os doadores novos a comparecerem ao Hemocentro de Ribeirão Preto são: vontade própria (37,9%), doadores vinculados transfundidos (23,2%) e Campanhas (15,3%) em relação ao total de doadores novos. A faixa etária de 18 a 29 anos foi a mais representativa com 51% e 47,5%, respectivamente nos anos de 2019 e 2020. Não há diferenças significativas entre os sexos dos doadores novos. Durante o período de estudo houve uma queda de 10% na inaptidão dos novos doadores. Os principais motivos para essa queda foram uma redução de 3,2% do Estado Gripal e 2,5% do Uso de Medicamento. Já o motivo HB/HT Baixo apresentou aumento de 2,1%, apesar de que em número absoluto houve uma redução de 12,7% (2019: 102 candidatos e 2020: 89 candidatos). Outro aspecto interessante é que apenas 9,9% (19) dos inaptos por HB/HT Baixo foram do sexo masculino. Esta redução situa-se na faixa etária de 18 a 29 anos com 4,5%. Não há diferenças de redução entre o sexo dos doadores novos. Mesmo com o aumento do número de doações por aférese o nível do estoque continua crítico. Pode-se observar que a pandemia alterou o perfil de reprovação (inaptidão) e número dos candidatos novos, sendo fundamental o estabelecimento de rotinas adequadas às normas de biossegurança aumentando a segurança e confiança dos doadores.
