Journal Information
Vol. 43. Issue S1.
Pages S351 (October 2021)
Share
Share
Download PDF
More article options
Vol. 43. Issue S1.
Pages S351 (October 2021)
Open Access
PERFIL DE DOADORES DE SANGUE, APÓS A REVOGAÇÃO DA RESTRIÇÃO À DOAÇÃO DE SANGUE POR HOMENS QUE TIVERAM RELAÇÕES SEXUAIS COM OUTROS HOMENS, NO NÚCLEO DE HEMOTERAPIA DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ESTADUAL NO RIO DE JANEIRO
Visits
1190
ABR Oliveiraa, TRA Eleuteriob, KB Fonsecac, CM Costac, DPC Silvac, SV Baiãoc, FMGC Bandeiraa,c
a Faculdade de Ciências Médicas, Universidade do estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
b Faculdade de Enfermagem, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
c Serviço de Hemoterapia do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro, RJ, Brasil
This item has received

Under a Creative Commons license
Article information
Special issue
This article is part of special issue:
Vol. 43. Issue S1
More info
Objetivo

O objetivo geral do estudo foi avaliar o impacto da revogação do impedimento à doação de sangue por homens que tiveram relações sexuais com outros homens (HSH), ocorrida maio de 2020, considerando o perfil epidemiológico e a prevalência de inaptidão sorológica entre candidatos à doação de sangue no Serviço de Hemoterapia Herbert de Souza, Hospital Universitário Pedro Ernesto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (HUPE/UERJ), pré e pós revogação.

Material e métodos

Trata-se de estudo descritivo transversal, utilizando dados secundários, obtidos através do sistema informatizado utilizado no serviço. O estudo considerou os períodos de junho/2019 a junho/2020 (pré) e junho/2020 a junho/2021 (pós). As variáveis analisadas foram perfil epidemiológico, inaptidão sorológica, quantitativo de bolsas coletadas/ano e identificação de causas de inaptidão na triagem sorológica. Os dados da pesquisa foram tabulados em planilha Excel e submetidos à análise estatística, comparando a distribuição de frequências entre os períodos.

Resultados

Foram coletadas 4509 bolsas de sangue total em 2020 e 5291 bolsas em 2021 (incremento de 17,3%). Houve acréscimo de 22,5% (n = 504) de doadores do sexo masculino, considerados aptos, no preíodo pós. O público doador feminino aumentou em 12,7% (n = 310) e o de doadores de 1ª vez aumentou 27,6% (n = 743). Doadores de repetição e esporádico apresentaram acréscimo de 6% (n = 79) e decréscimo de 1,2% (n = 8), respectivamente. Houve aumento de doação em todas as faixas etárias: 18 a 29 anos de 11,1% (n = 197), 30 a 39 anos 19,4% (n = 235), 40 a 49 anos 16,6% (n = 147), 50 a 59 anos 25,3% (n = 157), e 43,8% (n = 78) em 60 e + anos, sendo a diferença, em números absolutos, maior entre 50 e + anos. Inaptidão por comportamento de risco entre doador do sexo masculino teve descréscimo de 35,7% (n = 5), em comparação com o período anterior. Em relação aos testes sorológicos de triagem, houve acréscimo na reatividade para Chagas, 100% (n = 2), HIV 625% (n = 25) e Sífilis 3,4% (n = 4).

Discussão

O aumento observado do número de doadores do sexo masculino e doadores de 1ª vez, pode estar relacionado a revogação do impedimento à doação de sangue por HSH. Por mais que a faixa etária dos adultos-jovens esteja diretamente relacionada com os movimentos de reivindicações por direitos, inclusive de LGBTQIA+, a faixa de maior público doador foi na acima dos 50 anos. Um dos critérios que sustentavam a restrição de doação por HSH estava relacionado ao comportamento sexual, contudo, podemos observar redução de inaptidão por comportamento de risco, que passa a ser o foco diretriz para causas de inaptidão, neste contexto. Quanto às sorologias, chamou a atenção o aumento significativo de inaptidões por reatividade para HIV, chagas e sífilis, que podem não estar diretamente relacionados com a inclusão de doadores HSH, uma vez que houve mudança no método de triagem no período. Para avaliar essa correlação, está em curso uma segunda fase do estudo que utilizará dados primários, mediante aplicação de questionário estruturado junto a doadores HSH.

Conclusão

Pode-se inferir, com base nos resultados observados, que houve impacto positivo com aumento do número de bolsas coletadas e doadores do sexo masculino após a revogação do impedimento à doação, por doadores HSH. Mais estudos serão necessários para elucidar o perfil epidemiológico desses doadores. É preciso mencionar que a revogação é uma conquista social para os direitos de LGBTQIA+.

Full text is only aviable in PDF
Idiomas
Hematology, Transfusion and Cell Therapy
Article options
Tools