As ligas acadêmicas têm uma irrefutável importância na formação dos estudantes de medicina, uma vez que oferecem aulas ministradas por especialistas, oportunidade de produção científica e extensão com contato com a população. Por esse motivo, é importante uma análise do perfil das ligas de hematologia do Brasil, para permitir o entendimento da estrutura das ligas e poder auxiliar na identificação de seus maiores desafios, em busca de possíveis soluções.

Foi realizada uma pesquisa quantitativa, através da aplicação de questionários online. A população alvo eram as ligas acadêmicas de hematologia do Brasil. No ano de 2020 foram abordadas 44 ligas, a taxa de resposta foi de 72,7%, totalizando 32 ligas. O instrumento era autoaplicável anônimo, e a participação voluntária, com assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Esta pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética da instituição proponente sob o Caae 24510719.2.0000.0029. Para este trabalho foram analisadas 9 questões, das 13 contidas no questionário, versando sobre as características, atividades e projetos de cada liga acadêmica participante. Os dados foram analisados utilizando-se o office for windows 10, pela ferramenta Excel 2013, para análise descritiva. As variáveis foram expressas em frequências absolutas e relativas. Para toda e qualquer análise, os dados foram codificados, de forma a garantir o sigilo dos participantes.

Quanto à fundação, a maioria das ligas foi fundada entre 2015 e 2020. E 40,6% das ligas possuem mais de 20 ligantes. Em relação ao processo seletivo, 78,12% das ligas realizam o processo anualmente e 18,75% semestralmente. No pilar da pesquisa 50% publicam trabalhos ao menos 1 a 3 vezes por semestre, 9,37% publicam mais de 10 vezes. As reuniões de ensino são realizadas de forma quinzenal em 50% das ligas e mensal em 34,37%. Quanto à extensão, a maioria possui projeto de extensão – 75%, os resultados apontam que 71,87% das ligas afirmam ter algum tipo de dificuldade no desenvolvimento dos projetos. Apenas 6,25% das ligas não possuem orientador Hematologista e a maioria possui ligantes assíduos (90,62%).

A fundação recente, somada à quantidade crescente de ligantes pode indicar um recente aumento do interesse dos estudantes pela especialidade de hematologia. é possível observar que as ligas cumprem o tripé universitário de forma exemplar: mais da metade das ligas cumpre o tripé ensino-pesquisa-extensão, oferecendo aos ligantes a oportunidade de aprofundamento do conhecimento em hematologia, bem como a chance de publicação em congressos, incentivo à pesquisa e desenvolvimento de atividades junto à população. Sendo a extensão uma atividade de difícil desenvolvimento, é importante destacar a grande quantidade de ligas que apresentam alguma dificuldade, sendo este o ponto que mais necessita de apoio.

A partir dos dados observados é possível notar que apesar de fundadas recentemente, as ligas acadêmicas de hematologia mantêm atividades de ensino, estimulam a publicação de trabalhos, valorizam pesquisa e têm nas atividades extensionistas seu maior desafio, sendo necessária uma análise especìfica das principais dificuldades enfrentadas. A grande presença de orientadores hematologistas nas ligas se mostra como um bom preditor de desenvolvimento futuro.