A captação de doadores de sangue desenvolvida nos serviços de saúde é uma estratégia privilegiada para a realização da sensibilização da população para a Doação Voluntária de Sangue – DVS. No ambiente hospitalar, por exemplo, a captação de doadores é uma das formas de estimular a doação de sangue, por meio da doação em caráter de reposição, àquela realizada por pessoas motivadas por alguém que esteja precisando de transfusão. Os hospitais são fundamentais para a mobilização em prol da DVS, pois as pessoas estão próximas da necessidade do sangue.

Evidenciar os desafios para realização da captação de doadores elencados pelos captadores dos municípios de Juiz de Fora/MG e região, atendidos pelos Hemocentro de Juiz de Fora/MG.

A equipe de Captação de Doadores do Hemocentro realizou um treinamento online voltado para os captadores dos serviços de saúde no mês de julho de 2021. Nesta capacitação foi aplicado um questionário no qual solicitamos indicações de fatores dificultadores para o desenvolvimento da ação de captação. Foram respondidos 47 questionários.

Como dificultadores para as ações de captação, as questões mais elencadas foram: o contexto de pandemia, que impõe a necessidade de afastamento dos familiares do hospital; o modo de abordar o paciente; e disponibilidade de tempo para a realização das atividades de captação. Sinalizaram, também, o atendimento a pacientes de outros municípios e o desconhecimento dos profissionais do hospital sobre a importância da doação de reposição. Vale destacar que dos 47 profissionais participantes, 44,7% realizam atividades do setor no qual estão inseridos e as de captação de doadores; 48,9% não desempenham atividades de captação, desempenham somente atividades de seu setor; e 6,4% realizam exclusivamente as atividades de captação. Tal dado justifica a ausência de tempo para realizar as atividades de captação; sendo inclusive uma demanda dos captadores a existência de profissionais específicos/exclusivos para realização desta atividade. O modo de abordar o paciente, também citado, revela a insegurança do profissional, podendo estar ligada a necessidade de treinamento sobre a doação de sangue, bem como a complexidade do desempenho da própria atividade, pois, muitas vezes, a captação ocorre pela necessidade do sangue por parte do paciente em um momento de fragilidade deste e de sua família. Para o desempenho das atividades de captação no ambiente hospitalar, por exemplo, é necessário avaliar o contexto em que a informação da necessidade do sangue foi passada a família e ao paciente; identificar a representação social do sangue para esses; e promover um espaço de diálogo sobre a doação de sangue. Quanto a pandemia é importante a criação de estratégias para atuar neste momento, pois a demanda pelo sangue se mantém em um contexto de aumento das dificuldades para doação. Já o atendimento a pacientes de outros municípios deve ser encarado como uma forma de incentivar a família a solicitar auxílio na comunidade local para a divulgação da doação de sangue e suporte da gestão local, inclusive como estratégia de levar essa prática a locais mais distantes dos grandes centros. Quanto ao desconhecimento dos profissionais do hospital sobre a importância da doação de reposição, reafirma-se a necessidade do desenvolvimento de ações de capacitação dirigida aos profissionais de saúde buscando torná-los agentes multiplicadores da DVS.