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Vol. 42. Issue S2.
Pages 10 (November 2020)
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MANIFESTAÇÕES DA DOENÇA FALCIFORME NA COVID-19: REVISÃO SISTEMÁTICA
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C.A. Martinsa, C. Putona, P.P.R. Macêdoa, R.Q. Alcântaraa, T.C.A. Gomesa, B.M.S. Gomesa, J.F. Carneiroa, M.S. Castroa, J.A.B. Leão-Cordeirob, A.M.T.C. Silvaa
a Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás), Goiânia, GO, Brasil
b Universidade Federal de Goiás (UFG), Goiânia, GO, Brasil
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Objetivo: Pacientes com doença falciforme (DF) são altamente suscetíveis à COVID-19 grave. Uma complicação pulmonar, potencialmente fatal, da doença falciforme, a síndrome torácica aguda (STA), pode ser precipitada por infecções agudas, incluindo vírus respiratórios. Assim, o presente estudo objetiva caracterizar as manifestações da doença falciforme em pacientes com COVID-19. Métodos: Revisão sistemática da literatura, composta por artigos científicos pesquisados nas bases de dados da Medline (n=28) e PubMed (n=22), situados no ano de 2020 e no idioma inglês, pesquisados por meio dos descritores: “sickle cell” e “COVID-19”. Foram excluídos artigos científicos por: analisar de outras variáveis (n=6) ou duplicata (n=17). Resultados: Os pacientes com hemácias em foice podem apresentar STA e sintomas sobrepostos à COVID 19. Além disso, todos os estudos revisados destacaram a STA como o principal sintoma nesses pacientes. Luna et al. relataram o caso de um paciente, portador de comprometimentos, renal, cardíaco e ocular, pela DF, sem crises há 10 anos, internado com crise vaso-oclusiva, sem sintomas prévios de COVID-19, mas que testou positivo para o SARS-CoV-2. Outro estudo, trouxe o relato de dois pacientes portadores da DF e que testaram positivo para a COVID-19, em que o SARS-CoV2 pode ter sido o desencadeante da crise de vaso-oclusiva e da STA. Panepinto et al. sugeriram que pessoas com STA e infectadas com SARS-CoV-2 têm alto risco de evoluir para quadro grave da COVID-19, com alta taxa de letalidade. Porém, Balanchivadze et al. relataram casos de pacientes com hemácia falcêmica e COVID-19 confirmado em laboratório, que tiveram um curso da doença leve ou normal, com menores chances de intubação, internação na UTI e morte, mas com maior permanência hospitalar. Discussão: A doença falciforme é sistêmica, portanto, dificilmente o paciente não tem alguma comorbidade. Na fisiopatologia dessa doença, tem-se um estado inflamatório crônico, ativação da coagulação e disfunção do endotélio. Ao observar a fisiopatologia da COVID-19, nota-se que há as mesmas disfunções, assim, há uma grande preocupação com esses pacientes. Sugere-se a possibilidade de que o quadro inflamatório crônico dos pacientes com DF não o deixa evoluir para a chuva de citocina, como ocorre com um paciente que não tem, com frequência, um quadro inflamatório, porém, não existem estudos clínicos que comprovem esse dado. Existe uma preocupação significativa de que a doença pulmonar da COVID-19, em sobreposição com a STA, em pacientes portadores de DF, possa resultar em complicações severas e em maior utilização do sistema de urgência. Conclusão: De modo geral, os pacientes portadores da DF, que estão contaminados pela COVID-19, apresentam mais quadros de dor, do que propriamente quadros respiratórios típicos da doença, comuns nos outros pacientes. Adicionalmente, crises vaso-oclusivas podem ser frequentes nesses pacientes. Neste contexto, os pacientes que apresentam a STA precisam ser tratados de maneira adequada e, frequentemente, de forma agressiva. O tratamento padrão da DF, como por exemplo, o uso da hidroxiurea, precisa ser continuado e não deve ser interrompido. Por fim, os centros de isolamento e manejo do paciente com COVID-19 devem implementar protocolo específico para o manejo clínico, psicossocial e nutricional de pacientes com DF.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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