Introdução: Leucemia linfocítica crônica (LLC) é classificada como doença linfoproliferativa madura de linfócitos-B CD5+, caracterizada por linfocitose monoclonal em sangue periférico superior a 5 x 109/L por mais de 3 meses, acúmulo linfonodal, baço e medula óssea. Corresponde à leucemia mais comum no ocidente com idade média de 72 anos e predomínio em homens. As anormalidades citogenéticas na LLC têm impacto prognóstico e determinam padrões de resposta à terapia instituída conforme estratificação de risco. A deleção (del) 13q14.2 está presente em 55% ao diagnóstico, sendo a mais comum, seguida da del11q23 pela mutação no gene ATM (25%), trissomia do 12 (10-20%) e mutações no gene TP53 com del17p (17p13.1) em 5-8% dos casos. A hibridização in situ por fluorescência (FISH) detecta tais alterações em mais de 80% dos casos. Objetivo: Relatar evolução clonal de LLC em paciente jovem com citogenética de alto risco e correlacionar com desfecho desfavorável. Métodos: Homem de 42 anos apresentando linfonodomegalia cervical bilateral (2,2 cm o maior) e supraclavicular à esquerda há 3 anos. Hemograma apresentava leucocitose às custas de linfocitose (31.000) sem outras anormalidades. Tomografia computadorizada exibia linfonodos aumentados em tórax e abdome (maior medindo 3.5 cm) e esplenomegalia. Imunofenotipagem de sangue periférico revelou 62.5% de linfócitos-B com monoclonalidade para cadeia leve lambda e forte expressão para CD5, CD23 e CD200, confirmando diagnóstico de LLC (Rai-III/Binet-B). FISH revelou linhagem hipertetraploide (4n+) em 50% das células, del13q14.2, sem outras anormalidades. Resultados: Inicialmente adotada conduta expectante (watch and wait), porém após 8 meses evoluiu com aumento progressivo de linfonodos e sintomas “B”. Instituído tratamento com protocolo FCR (fludarabina, ciclofosfamida, rituximabe) de acordo com o Workshop Internacional de LLC de 2008, tendo recebido 4 ciclos com resposta parcial. Permaneceu estável durante 2 anos quando apresentou aumento rápido e progressivo de linfonodos e baço, duplicação linfocitária, anemia e trombocitopenia. FISH na ocasião revelou tetrassomia dos genes ATM(11q22), GLI(12q13), DLEU1(13q) e TP53(17p13.1). Status mutacional da região variável da cadeia pesada da imunoglobulina não foi avaliado. O paciente recebeu rituximabe e metilprednisolona, porém cursou com choque séptico de foco pulmonar, sendo descartada COVID-19 e evoluindo para óbito em 2 semanas. Discussão: Associação entre citogenética complexa e desfecho clínico desfavorável na apresentação da LLC em jovens já foi descrita. O caso ilustra evolução clonal a partir de uma citogenética complexa ao diagnóstico (tetraploidia), observada pelo surgimento de novas alterações estruturais de alto risco incluindo mutações nos genes ATM e TP53, o que pode conferir resistência ao tratamento devido ao surgimento de novos clones. A instabilidade genômica por encurtamento de telômeros relacionada a del13q já é descrita, bem como a tetraploidia como preditor de mau prognóstico por associação com citogenética de alto risco e evolução para Síndrome de Richter. Conclusão: O caso corrobora dados da literatura pela descrição de alteração citogenética complexa, como a tetraploidia ao diagnóstico em jovem que, apesar de ter exibido resposta à terapia inicial e permanecido livre de tratamento por 2 anos, apresentou recaída com comportamento agressivo por evolução clonal com citogenética complexa, sendo refratário à terapia em segunda linha.
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