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Vol. 42. Issue S2.
Pages 120-121 (November 2020)
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DESCONTINUAÇÃO DE INIBIDORES DE TIROSINOQUINASE NA PRÁTICA CLÍNICA: RELATO DE QUATRO CASOS
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2004
C.C. Isoppo, A.G.O. Braga, H.V.S. Chaves, G.O. Duarte, M.T. Delamain, K.B.B. Pagnano
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas, SP, Brasil
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A introdução dos inibidores de tirosinoquinase (ITK) mudou profundamente a evolução natural da leucemia mieloide crônica (LMC), permitindo que os pacientes tenham expectativa de vida semelhante à população geral. Mais de 85% dos pacientes tratados com ITK atingem resposta citogenética completa e 40% alcançam resposta molecular profunda (RMP). Contudo, o uso desta classe de drogas não é isento de reações adversas potencialmente graves, que podem levar à necessidade de suspensão ou troca do tratamento. As recomendações do European LeukemiaNet 2020 para o tratamento LMC destacam que a descontinuação do tratamento pode ser considerada se a RMP sustentada for atingida, conforme critérios estabelecidos. Relatamos quatro casos de pacientes que apresentaram toxicidades graves e necessitaram suspender o uso dos ITK. Três deles mantiveram RMP (RM 4.0 ou menor) e um necessitou retornar a terapia devido à perda da resposta hematológica. Todos os pacientes apresentavam transcritos BCR-ABL mensuráveis. Após a suspensão do tratamento foi feito o monitoramento dos transcritos BCR-ABL com PCR quantitativo a cada 1 ou 2 meses no primeiro ano e posteriormente a cada 3 meses após o segundo ano. O primeiro caso trata-se de um paciente do sexo masculino com diagnóstico de LMC aos 53 anos, tendo feito uso de Nilotinibe 800 mg ao dia por nove anos. Estava em RMP por cinco anos quando apresentou, em ultrassom doppler de vigilância, estenose carotídea unilateral. Mantém, ainda assim, RMP há três anos até o último seguimento. O segundo trata-se de um paciente do sexo feminino, que diagnosticou LMC em 1999, aos 63 anos, e iniciou o uso de Imatinibe 400 mg ao dia em 2000. A paciente obteve transcritos BCR-ABL indectáveis com o tratamento, mas não apresentava RMP sustentada em todos os exames. Apresentou quadro de anemia sintomática grau 4 e teve a terapia suspensa em 2010, porém evoluiu com perda da resposta molecular após três meses da interrupção, e da resposta hematológica cinco meses após. Pela intolerância ao ITK usado até então, optou-se pela troca por Nilotinibe, na dose de 400 mg ao dia, mantendo resposta molecular e níveis de hemoglobina adequados. Uma terceira paciente, do sexo feminino, com diagnóstico de LMC aos 66 anos, fez uso de Bosutinibe 400 mg ao dia por sete anos, com RMP há cinco anos. O bosutinibe foi suspenso por hipertensão pulmonar moderada, permanecendo em seguimento e, há três anos, mantendo RMP. Por fim, o quarto caso é de uma paciente do sexo feminino com diagnóstico de LMC aos 77 anos, em uso de Imatinibe 300 mg (dose reduzida por doença renal crônica avançada) por seis anos. Estava em RMP havia cinco anos quando apresentou mielotoxicidade (plaquetopenia e anemia) que motivaram a suspensão do ITK. Mantém-se em RMP por três anos, até a data do último seguimento. Deste modo, observamos que a descontinuação dos ITK é factível na prática clinica para os pacientes que alcançam uma resposta molecular profunda e sustentada, desde que instituído seguimento rigoroso com monitoramento molecular dos transcritos BCR-ABL para identificar a recaída molecular precocemente e reintroduzir a terapêutica nessa situação.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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