Até a década de 1930 os únicos antígenos significativos eram aqueles do sistema ABO. Em 1939 foram feitas duas descobertas significativas que incrementaram o cuidado na transfusão sanguínea e eventualmente resultaram na definição do mais extenso sistema do grupo sanguíneo, o sistema Rh, com atualmente 55 antígenos, sendo divididos em dois genes: RHD e RHCE . O antígeno RhD é considerado como um mosaico composto de 37 epítopos. Definindo-se, assim, as categorias do antígeno RhD parcial (DII, DIII, DIV, DV, DVI, DVII, DFR, DBT, RoHar) que são diferenciadas umas das outras de acordo com a presença ou ausência de um ou mais epítopos. A análise molecular das variantes do antígeno RhD mostrou que a perda da expressão de certos epítopos RhD está associada a mutações de ponto no gene RHD ou a rearranjos gênicos entre os genes RHD e RHCE.

Relatar casos de pacientes com D categoria encontrado no Laboratório de Referência em Imuno-hematologia de São Paulo.

Após realização de Pesquisas de Anticorpos Irregulares nos soros dos pacientes em LISS/Coombs e Enzima (BioRad) pela técnica em gel, notamos a presença de Anti-D. Com isso, procedemos a tipagem sanguínea para confirmação do RhD nos métodos cartão/gel (BioRad) e tubo (Fresenius Kabi). Diante do resultado positivo, aplicamos outras metodologias para confirmação do D categoria como o ID-DiaClon Anti-D para D confirmatório (BioRad), SmartKit Anti-D IgM, IgG (Fresenius Kabi) e a utilização do Painel Extended Partial RhD Typing Set para tentar identificar qual categoria do D estamos investigando, mediante ao resultados inconclusivos as amostras foram encaminhadas para a Biologia Molecular, onde foi realizado o sequenciamento dos éxons a procura de polimorfismo para confirmar a categoria de D.

Após a análise da Biologia Molecular, temos os resultados dos sequenciamentos, indicando os diversos tipos de D categoria, podendo assim complementar o laudo. Os indivíduos que apresentam D parcial, embora frequentemente sejam rotulados como RhD positivos nos testes convencionais, podem ser alo imunizados por transfusões de sangue RhD positivo.

Diante desses casos foram criados alertas no sistema para informar sobre o paciente com D categoria, assim, visando priorizar a transfusão de sangue RhD negativo. Os médicos responsáveis, que tiveram diagnósticos de pacientes com D categoria DIIIc; DEL37; DAU3; DAR1.2; DIIIa; DNB; DMH DAR3.1 foram orientados a transfundir unidades RhD negativas, como profilaxia para evitar formação do Anti-D.

Entre novembro de 2020 a maio de 2021 tivemos 13 casos de pacientes com D categorias, sendo os mais encontrados: DAR1.2 e DAU3. Com isso, nota-se a importância de realizar a genotipagem e posterior congelamento de hemácias que nos auxiliam na elucidação desses casos, e selecionar o hemocomponente adequado para transfusão.