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Vol. 42. Issue S2.
Pages 42-43 (November 2020)
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CRIZANLIZUMABE NA PREVENÇÃO DE CRISES VASO-OCLUSIVAS EM PACIENTES COM DOENÇA FALCIFORME
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M.L. Souza, F.V. Costa
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, SC, Brasil
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Introdução: A Doença Falciforme (DF) é uma doença hereditária causada pela mutação de ponto no gene da globina beta devido a substituição de um ácido glutâmico por uma timina, resultando em uma hemoglobina anormal (HbS). Dessa forma, diante de uma desoxigenação a hemoglobina falciforme polimeriza e provoca a conformação de “foice”aos eritrócitos. Clinicamente, a apresentação aguda da DF está frequentemente associada as crises vaso-oclusivas (CVOs), resultando em episódios de dor intensa, síndrome torácica aguda, sequestro hepático e esplênico e priapismo. Apesar da alta carga de comorbidades da DF, as opções atuais de tratamento estão em vez limitado. O transplante de células-tronco alogênico é restrito devido à falta de doadores adequados, já o autólogo está em fase experimental. Os tratamentos farmacológicos orais, sendo eles a hidroxiureia e a L-glutamina, possuem baixa adesão dos pacientes devido as crises recorrentes e aos danos nos órgãos-alvos. Objetivo: analisar de que forma o crizanlizumabe previne as crises vaso-oclusivas em pacientes com Doença Falciforme bem como os seus principais benefícios. Metodologia: trata-se de uma revisão integrativa através de pesquisas na base de dados Scopus utilizando os termos “Sickle cell disease” and “Crizanlizumab”. Como critérios de inclusão: a) artigos b) revisões c) recorte temporal de 2015 a 2020. Ao todo foram encontrados 39 resultados, sendo selecionados os que mais possuíam afinidade com a proposta da pesquisa. Resultados e Discussão: O processo das crises vaso-oclusivas em paciente com DF é iniciado pela P-selectina, a qual é encontrada em grânulos de armazenamento de células endoteliais e plaquetas em repouso, mas durante alguns processos, como a inflamação, é transferida para a membrana celular. A P-selectina expressa na superfície do endotélio é responsável pelo rolamento anormal, pela aderência estática dos eritrócitos e a pela captação de leucócitos e plaquetas, formando agregados. Diante dessa fisiopatologia, foi desenvolvido o crizanlizumabe que é um anticorpo monoclonal de imunoglobulina humanizada que se liga à P-selectina, bloqueando efetivamente a adesão celular e consequentemente melhorando o fluxo sanguíneo microvascular cronicamente. Em 2019, recebeu a sua primeira aprovação, o qual é indicado para reduzir a frequência de CVOs em pacientes com idade maior ou igual a 16 anos. A dose recomendada é de 5mg/kg, administrada por infusão intravenosa por 30 minutos, na semana 0 e semana 2, e depois a cada 4 semanas. Os resultados do uso de crizanlizumabe são: diminuição da taxa de crises por ano e redução do tempo médio para a primeira e/ou segunda crise. Eventos adversos foram bem tolerados pelos pacientes, como artralgia, diarreia, prurido, vômitos e dor no peito. No entanto, existem algumas limitações de adesão ao tratamento, como a disponibilidade do paciente em se deslocar ao ambiente apropriado para a infusão do medicamento assim como o alto custo do medicamento, restringindo a universalidade do tratamento. Conclusão: Crizanlizumabe é um agente promissor para reduzir CVOs em pacientes com DF. O benefício foi consistente, independente, do uso concomitante de hidroxiureia, histórico prévio de frequência de crises ou genótipo. Entretanto, são necessárias algumas medidas para melhorar a adesão ao tratamento, redução dos custos e incorporação do medicamento no sistema público brasileiro.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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