O objetivo do trabalho é correlacionar o número de leucócitos com os valores de CT das isoformas do gene BCR/ABL de pacientes diagnósticos com Leucemia Mieloide Crônica (LMC) por PCR em tempo real.

Foi realizado um estudo retrospectivo no período entre 2015 a 2019 de pacientes diagnósticos com LMC pelo Laboratório de Biologia Molecular da Fundação Hemopa. Os dados demográficos (gênero e idade), hematológico (contagem de leucócitos) e moleculares (isoformas do gene BCR/ABL e valores de CT) foram obtidos do sistema informatizado LABMASTER. Foi utilizada a estatística descritiva, determinando-se as frequências absolutas e percentuais das variáveis qualitativas. Para as variáveis quantitativas, foram calculados os valores de média e mediana (medida de tendência central), desvio padrão e valor máximo e mínimo (medida de variação), de acordo com as características das variáveis em estudo. Foi realizado o teste de Correlação de Sperman para testar a associação entre o número de leucócitos e isoformas do gene BCR-ABL (B2A2, B3A2 e/ou B2A2/B3A2) com os seus respectivos valores de CT e adotando-se um p-valor com nível de significância menor ou igual a 0,05.

No período de estudo foram realizadas 429 reações de PCR em tempo real, onde 89 pacientes foram detectáveis para uma das isoformas do gene BCR/ABL ; 57% eram do sexo masculino e 43% do sexo feminino; a mediana da idade foi de 45 anos. Com relação ao dado hematológico, a mediana da contagem de células brancas foi de 146.000mm3. Em relação aos dados moleculares, 45% apresentaram o transcrito B2A2, 26% apresentaram B3A2 e 29% apresentaram as duas isoformas (B2A2/B3A2). A correlação entre o número de leucócitos e expressão da isoforma B2A2 foi de rs=0,09 com um p-valor de 0,55; a correlação entre a contagem de leucócitos e a expressão do transcrito B3A2 foi de rs=0,07 com um p-valor de 0,73; e a correlação entre a contagem de leucócitos e as isoformas B2A2/B3A2 foi de rs=0,18 com um p-valor de 0,35. Os resultados mostraram que não há uma correlação entre o número de leucócitos das isoformas do gene BCR/ABL e seus respectivos valores de CT.

Em estudos realizados por outros autores, a maior incidência de LMC foram em pacientes do sexo masculino, corroborando com que foi encontrado neste estudo. A literatura relata que o aparecimento da doença se dá em média dos 60 anos, todavia o estudo encontrou que os pacientes foram diagnósticos na faixa dos 45 anos. Em relação as isoformas, os estudos mostram resultados bem controversos, por exemplo: os países europeus apresentam uma frequência maior dos transcritos B3A2, enquanto que países da América do Sul, a isoforma B2A2 é mais predominante, o que pode ser explicado pela etnia da população.

No estudo, observou-se que a isoforma B2A2 é a mais frequente na população estudada refletindo com relatos de estudos realizados em países na América do Sul. Todavia, não se encontrou nenhuma correlação entre o número de leucócitos e a expressão das isoformas do gene BCR/ABL.