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Vol. 43. Issue S1.
Pages S278 (October 2021)
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CARACTERÍSTICAS DO ATENDIMENTO DE CRIANÇAS COM HEMOFILIA NO SERVIÇO DE EMERGÊNCIA DO HEMOPE
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TMR Guimaraesa,b, RS Botelhoa,b, NCM Costab, TA Beltrãoa,b, HL Oliveiraa,b, LBL Moraesa,b, MEP Silvaa,b, KMLP Silvaa,b, REA Silvaa,b, IM Costab
a Universidade de Pernambuco (UPE), Recife, PE, Brasil
b Fundação de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco (HEMOPE), Recife, PE, Brasil
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Vol. 43. Issue S1
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Introdução

A hemofilia é uma doença hereditária, transmitida geneticamente pelo cromossomo X, caracterizada pela deficiência dos fatores de coagulação VIII (Hemofilia A) ou o fator IX (Hemofilia B) circulantes no plasma, que se manifestam quase exclusivamente em indivíduos do sexo masculino. Em 2018, o Brasil (n = 12.653) tinha a quarta maior população mundial de pessoas com hemofilia, sendo a distribuição por faixa etária de 0–5anos (5%) e de 5–12 anos (15%); ficando atrás da Índia (n = 20.778), Estados Unidos (n = 17.757) e China (n = 18.712), sendo a doença de maior prevalência entre as coagulopatias hereditárias. Crianças com hemofilia frequentam serviços de emergência por diversos motivos, incluindo causas pediátricas gerais e problemas específicos decorrentes de sua doença, por isso este serviço constitui um componente indispensável em seu manejo.

Objetivo

Descrever as características do atendimento de crianças com hemofilia no serviço de emergência do hospital Hemope.

Métodos

Estudo do tipo série de casos, descritivo e retrospectivo. O estudo foi realizado através da coleta de dados secundários de prontuários eletrônicos da instituição. A população do estudo foram 185 crianças com hemofilia, faixa etária de 0 a 12 anos, atendidas no Serviço de Pronto Atendimento, no ano de 2019. A coleta de dados foi realizada no período de outubro a dezembro de 2020

Resultados

1. Variáveis socio demográficas: Verificamos uma criança do sexo feminino, média de idade 4,1 ± 3,52, faixa etária predominante 0-5 anos (62,5%);cor parda (90%); eram estudantes, com idade escolar condizente com a faixa etária. 2. Variáveis clínicas e tipo de tratamento: A maioria apresentava hemofilia A (90%), tipo grave (83,8%),fazia tratamento profilático (53%) e alta prevalência de anticorpos inibidores (18,8%). 3. Características dos atendimentos: Verificou-se 80 atendimentos no ano, número de atendimentos 1–2 vezes (41%), das 7 às 19h (90%), motivo do atendimento foi sangramentos(86%), provocados por esforço ou trauma (68%). Os principais locais dos sangramentos foram a cavidade oral (30,4%), joelhos (20,3%) e cotovelos (11,6%). Observou-se que quatro crianças foram responsáveis por 26 (32%) dos atendimentos, dos quais uma foi atendida 10 vezes, sendo alertado ao grupo de enfermeiras do ambulatório. 4. Articulação alvo e complicações osteoarticulares: Verificou-se que a maioria não tinha  articulação alvo (86%) e complicações  osteoarticulares (92,5%). Dentre as crianças que apresentaram complicações osteoarticulares, todas tinham comprometimento no joelho e apenas 1–2 articulações. 5. Tipo de medicação administrada: Verificou-se que a maioria fez uso de fatores de coagulação (66%), anti-hemorrágicos (8,4%) e antibióticos (6,3%). Foram realizados 36% encaminhamentos, os principais foram dentista (36%), fisioterapeuta (12%) e assistente social (9%). Um total 18,2% das crianças necessitaram de internação hospitalar.

Discussão

A hemofilia é uma doença que pode diminuir a qualidade de vida dos pacientes desde a infância. As crianças sem tratamento profilático, que apresentam sangramentos musculoesqueléticos de repetição, adquirem limitações físicas e sociais pelas ausências escolares, restrições em brincadeiras e atividades comuns, por consequências da dor e das lesões articulares.

Conclusão

Verificamos que o principal motivo dos atendimentos foram os sangramentos na cavidade oral, provocado por esforço ou trauma, sendo administrado o fator de coagulação deficiente. Ressaltamos a importância do acompanhamento ambulatorial multidisciplinar realizado no serviço, que promove redução das complicações osteoarticulares, e consequentemente a melhoria da qualidade de vida das crianças.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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