Analisar o perfil das reações transfusionais imediatas notificadas pelo Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará, no período de janeiro a dezembro de 2018.

Estudo observacional, descritivo com delineamento transversal, local e realizado em um único centro, a partir da análise estatística descritiva de informações coletadas em todas as Fichas de Notificação de Incidentes Transfusionais, instrumento específico criado pela ANVISA para registro das reações transfusionais no Brasil, sendo as seguintes variáveis clínicas e epidemiológicas analisadas: sexo, idade, setor, hemocomponente, tipagem sanguínea do hemocomponente, sinais e sintomas, gravidade, tipo de reação, reação adversa.

O perfil da reação transfusional mais evidente no Hemocentro, durante o período estudado, foi a febril não hemolítica seguida pela alérgica, sendo a maioria classificada como grau 1 – leve e sem risco à vida. Verificou-se que os incidentes transfusionais prevaleceram em pacientes do gênero masculino, cuja a média de idade foi 46,68; já para o sexo feminino essa média foi de 40,12, sem diferença estatisticamente significativa. No que se refere ao setor, o maior número de notificações foi encontrado no ambulatório transfusional. Quanto aos tipos de hemocomponentes transfundidos, o concentrado de hemácias (CH) foi responsável pela maioria dos incidentes. Quanto as manifestações clínicas mais frequentes nas reações imediatas analisadas foram febre, calafrios e urticária. A reação febril não hemolítica (RFNH) esteve mais relacionada aos sinais e sintomas febre e calafrios, já a alérgica com urticária, prurido, eritema e pápulas. O concentrado de plaquetas (CP) esteve mais relacionado com a reação alérgica (ALG), já o concentrado de hemácias com a reação febril não hemolítica e em segundo plano com a alérgica.

No que se refere aos aspectos demográficos, houve um ligeiro predomínio do sexo masculino, isso pode ser explicado por estes estarem mais expostos aos agravos externos, ccomumente relacionados à necessidade de hemotransfusão, o que por consequência os deixaria mais susceptíveis aos eventos adversos do processo transfusional. O CH prevaleceu como o hemocomponente mais associado aos incidentes transfusionais, provavelmente, por sua ampla utilização. As reações transfusionais agudas registradas não são em sua maioria graves, tal dado foi ratificado pela presente pesquisa, que demonstrou que 92,68% dos eventos foram classificados como leves. Todavia, reações transfusionais graves são notoriamente subestimadas pela diversidade de hipóteses diagnósticas e pelo desconhecimento destas reações por muitos profissionais. Foi observado que a maioria das reações imediatas foram RFNH, caracterizada por presença de febre (temperatura ≥38°C) com aumento de pelo menos 1°C em relação ao valor pré-transfusional e/ou tremores e calafrios, durante a transfusão ou até quatro horas após e ausência de outras causas tais como contaminação bacteriana, reação hemolítica ou outra condição subjacente,correspondendo a aproximadamente 50% dos casos, seguida pela ALG, comprometendo 36,5% da amostra.

Acredita-se que os resultados deste estudo possam subsidiar o desenvolvimento de novas pesquisas sobre os incidentes transfusionais, contribuir para a segurança e qualidade da assistência de pacientes que são submetidos a transfusão de hemocomponentes e agregar novos conhecimentos aos profissionais de saúde que atuam nessa área.