Objetivos: As anemias carenciais e hereditárias representam uma das maiores causas de morbidade em todo o mundo, tendo um impacto essencialmente maior em países em desenvolvimento como o Brasil. Diante disso, o presente trabalho busca realizar uma análise quantitativa da produção científica sobre anemia falciforme e anemia ferropriva e apontar a participação do Brasil no panorama mundial.
Metodologia: Foram utilizados termos da Medical Subject Headings (MESH): “Anemia, Sickle Cell”, “Anemia, Iron-Deficiency”. A pesquisa foi realizada na Plataforma Web of Science, de onde foram gerados gráficos com os recursos da própria, com a análise quantitativa dos resultados. Os artigos foram analisados por país de origem, agências de financiamento e anos de publicação.
Resultados: Quanto à anemia falciforme, foram encontrados 12.802 artigos, onde 639 são de grupos de pesquisa brasileiros, deixando o Brasil em 4° lugar em número de publicações. Em relação ao financiamento por agências, aparecem o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) na sexta colocação (n=129), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) em 11° (n=74) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) em 20° (n=54). Considerando o ano de publicação, há um crescimento significativo ao longo do tempo, porém com várias quedas no número de publicações em alguns anos e pico em 2018. Relacionado à anemia ferropriva, houve um total de 16,047 publicações, destas, o Brasil se encontra em 15° lugar (n=412). Das agências financiadoras, em 12° lugar, encontrase o CNPq (n=68); em 32° lugar, encontra-se a CAPES (n=31) e em 37° posição está a FAPESP (n=28). No que se refere à quantidade anual de pesquisas realizadas, nota-se a tendência de crescimento gradual ao longo dos anos, com raras quedas no número de publicações e com pico em 2017.
Discussão: A anemia falciforme é a doença hereditária de maior prevalência no Brasil, devido à alta taxa de miscigenação, se tornando uma questão de saúde pública, o que explica a boa colocação do Brasil quanto ao número de publicações. A anemia ferropriva é a anemia mais incidente no Brasil e no mundo, ocorrendo principalmente pela perda constante de sangue e dieta que não supra as necessidades de ingestão de ferro. Os grupos mais afetados são os de mulheres em idade fértil, lactentes e crianças abaixo de cinco anos. A posição do Brasil em 15°lugar no ranking mundial é relativamente baixa, já que essa é uma doença muito frequente no país, demonstrando carência de estudos na área. Em todas as buscas realizadas viu-se o CNPq, CAPES e FAPESP como principais financiadores. Tendo em vista que são entidades de caráter público, observa-se a relevância destes órgãos de fomento no cenário nacional, sendo essenciais para o avanço da pesquisa brasileira. Analisando os anos de publicação, um padrão é observado com o aumento gradativo dos artigos publicados ao longo do tempo, podendo ser explicado pelos avanços tecnológicos, melhoria de ferramentas e maior incentivo à pesquisa.
Conclusão: Assim, é possível concluir que mesmo havendo um total elevado de pesquisas na área, o Brasil só é responsável por uma parcela reduzida destas, necessitando de maiores incentivos, com vistas à uma maior participação no cenário científico mundial.