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Vol. 43. Issue S1.
Pages S381-S382 (October 2021)
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Vol. 43. Issue S1.
Pages S381-S382 (October 2021)
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AMOSTRAS DE PLASMA OU SORO DE RECEPTORES COM VALIDADE DE ATÉ 72 HORAS PARA REALIZAÇÃO DE COMPATIBILIZAÇÃO SANGUÍNEA: IMPLICAÇÃO DESTE INTERVALO DE TEMPO NA RESPOSTA IMUNE HUMORAL SECUNDÁRIA E POSSÍVEIS REAÇÕES TRANSFUSIONAIS HEMOLÍTICAS
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PG Schimitesa,b, FZ Limaa,c, JB Müllera,b, IR Schimitesa,c, Z Segalab,c, JEP Silvaa
a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil
b Hemocentro Regional de Santa Maria (HEMOSM), Santa Maria, RS, Brasil
c Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), Santa Maria, RS, Brasil
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Vol. 43. Issue S1
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Objetivos

Avaliar a possibilidade de ocorrência de reação transfusional hemolítica (RTH) em pacientes sensibilizados a antígenos eritrocitários (AE) quando da realização de provas cruzadas empregando uma mesma amostra, de soro ou plasma, com validade de 72 horas para a compatibilização sanguínea de concentrados de hemácias.

Material e métodos

Trata-se de uma discussão sobre a legislação vigente referente à prática hemoterápica e sobre aspectos imunohematológicos da exposição e resposta humoral a AE não próprios.

Discussão

A sensibilização de um receptor a AE acontecedurante a resposta imune primária, quando os AE não próprios são reconhecidos pelo sistema imune e passam a ser produzidos anticorpos (AC) contra esses AE (com maior proporção de AC da classe IgM) por linfócitos B naive. Estes AC podem atingir títulos muito baixo até que ocorra uma nova exposição ao AE para o qual o paciente já fora previamente sensibilizado, situação na qual linfócitos B de memória passam a produzir rapidamente AC (majoritariamente da classe IgG), fazendo com que estes possam atingir títulos muito elevados, o que caracteriza a resposta imune humoral secundária. Para antígenos proteicos e de elevada antigenicidade (a exemplo de muitos antígenos eritrocitários) a elevação dos títulos desses AC irregulares pode ocorrer entre 24 a 72 horas. Portanto, para discussão, considera-se o caso hipotético de um paciente, com histórico de politransfusão, para o qual é solicitada transfusão ambulatorial de 2 unidade de concentrado de hemácias (CH) com intervalo de 2 dias. No dia 1 o paciente é atendido no serviço de hemoterapia e tem uma amostra coletada para realização dos testes pré-transfusionais, apresentando Pesquisa de Anticorpos Irregulares (PAI) negativa, Coombs direto e autocontrole não reagentes, e prova cruzada compatível, podendo realizar a transfusão com segurança. No dia 3 o paciente retorna ao serviço de hemoterapia para a nova transfusão de CH. Segundo a RDC 34/2014 e a Portaria n° 158/2016, a amostra coletada no dia 1 pode ser mantida por 72 horas (2 a 6°C) e empregada para a realização de nova prova de compatibilidade para a transfusão da segunda unidade de CH neste paciente. No entanto, o intervalo de tempo decorrido entre a primeira transfusão e a segunda é suficiente para a elevação dos títulos de anticorpos irregulares IgG, típicos da resposta imune humoral secundária. Cabe destacar que as provas cruzadas compatíveis e PAI negativa no dia 1 não implicam na ausência de AC, uma vez que estes podem ter atingido níveis indetectáveis ou ainda que a técnica empregada nos ensaios não apresente sensibilidade suficiente para a detecção.

Conclusão

Assim, considerando o risco de desenvolvimento de reação transfusional em sucessivas transfusões empregando a mesma amostra por até 72 horas para a compatibilização, a solicitação e emprego de nova amostra nos testes pré-transfusionais pode evitar reações hemolíticas imunes relacionadas ao aumento de títulos de AC irregulares contra AE, quando da possibilidade de novo estímulo antigênico, garantindo a segurança transfusional. No entanto, isso não significa que as amostras não devam ser mantidas exclusivamente para eventuais repetições na confirmação de provas já realizadas.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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