Journal Information
Vol. 46. Issue S4.
HEMO 2024
Pages S806-S807 (October 2024)
Vol. 46. Issue S4.
HEMO 2024
Pages S806-S807 (October 2024)
Full text access
ALOIMUNIZAÇÃO ERITROCITÁRIA APÓS TRANSFUSÃO DE PLAQUETAS EM PACIENTE COM LMA
Visits
358
A Szulmana, MCO Tavaresb, APLM Vargasa, FL Linoa
a Serviço de Hemoterapia, Hospital do Servidor Público Estadual - FMO, São Paulo, SP, Brasil
b Serviço de Hematologia, Hospital do Servidor Público Estadual - FMO, São Paulo, SP, Brasil
This item has received
Article information
Special issue
This article is part of special issue:
Vol. 46. Issue S4

HEMO 2024

More info
Objetivo

Relato de caso de aloimunização RH (Anti-D, Anti-C e Anti-E) após transfusão de CP randômicas em um paciente com diagnóstico de LMA em tratamento quimioterápico.

Materiais e métodos

Paciente feminina, 64a, internada por Leucemia Mieloide Aguda (LMA) de baixo risco (CBPA α mutado) deu entrada no Serviço de Hemoterapia em 20/09/23 sem histórico transfusional. No 1°teste imuno-hematológico apresentou tipagem sanguínea “A RHD neg r/r (cde/cde) K-“, Pesquisa de anticorpos irregulares (PAI) negativa. Durante a quimioterapia (QT) de indução (7+3 Citarabina + Daunorrubicina), entre 27/09 e 03/10/23 recebeu 19 CP randômicas RHD+. Durante o período pós indução (Nadir) recebeu mais 20 CP RHD+, totalizando 39 CP randômicas RHD+. Em remissão, seguiu o esquema terapêutico com mais ciclos de QT de consolidação (citarabina por 3 dias): 2°e 3° ciclos entre 15/11/23 e 19/01/24. Em 30/01/24 precisou de nova transfusão de CP. Nessa data, apresentou alteração nos testes pré-transfusionais com a positividade na PAI com a Identificação de anticorpos irregulares Anti-D, Anti-C e Anti-E imunes. Entre 31/01 e 15/05/24, período correspondente ao 3°e 4°ciclos de QT de consolidação, recebeu mais 41CP RHD+. Ao longo do tratamento recebeu também 6CHs fenótipo compatíveis para ABO, Rh (CDE-) e Kell. Não apresentou nenhuma outra reação transfusional. Todas as bolsas usadas foram desleucotizadas e irradiadas.

Discussão

Embora as plaquetas não expressem antígenos do sistema Rh na sua superfície, a aloimunização eritrocitária após a transfusão de CP é possível, apesar de infrequente. A taxa de aloimunização é muito variável na literatura, porém claramente é mais frequente para o antígeno D do que para antígenos não-D (Rh ou outros grupos). Há relatos de aloimunização por anti-E, anti-e, anti-C, anti-c, anti-K, anti-f, anti-Jka e anti-Fya. Os mecanismos que levam à aloimunização incluem a (1) presença de hemácias residuais no CP após a sua produção e (2) a presença de microvesículas/micropartículas que são vesículas extracelulares decorrentes da lesão da membrana dos eritrócitos que surgem durante o período de estocagem. As micropartículas derivadas de hemácias podem ser mais imunogênicas do que as hemácias residuais porque são mais facilmente fagocitadas. A presença do antígeno D e de outros antígenos de vários sistemas de grupos sanguíneos em microvesículas já foi evidenciada. Em pacientes onco-hematológicos RHD- submetidos a quimioterapia, a taxa de aloimunização RhD parece ser ainda menor, sendo que alguns autores não evidenciaram casos de aloimunização nessa população. Nosso caso alerta para o risco de aloimunização RhD e RHCE com o uso de CP mesmo em paciente teoricamente imunodeprimido. As diretrizes nacionais atuais recomendam que receptores RhD-, do sexo feminino, com idade < 45a devam ser, preferencialmente, transfundidos com CP RhD-.

Conclusão

Apesar de incomum, a aloimunização para diferentes grupos sanguíneos com o uso de CP é descrita na literatura. Esse risco deve ser considerado nas decisões transfusionais e traz um desafio ao médico hemoterapeuta no cenário de desabastecimento de componentes RHD-.

Full text is only available in PDF
Download PDF
Idiomas
Hematology, Transfusion and Cell Therapy
Article options
Tools