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Vol. 43. Issue S1.
Pages S313 (October 2021)
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ALOIMUNIZAÇÃO DE GESTANTE RHD VARIANTE PORTADORA DE ANEMIA FALCIFORME – RELATO DE CASO
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D Zorzetti, MSS Almeida, VC Caixeta, ST Alves
Hospital Santa Marcelina, São Paulo, SP, Brasil
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Vol. 43. Issue S1
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Introdução

O tratamento transfusional constitui uma parte importante na terapêutica de pacientes com anemia falciforme por aumentar a capacidade de carreamento de oxigênio e melhorar a perfusão microvascular através da redução da proporção de hemoglobina S no sangue diminuindo eventos vaso-oclusivos. Uma das maiores complicações da transfusão é o potencial de desenvolver anticorpos contra células vermelhas. Devido à necessidade de múltiplas transfusões ao longo da vida, a aloimunização constitui um sério problema para esses pacientes. Além da aloimunização aumentar o risco de reação transfusional tardia, indivíduos que desenvolvem anticorpos alogênicos também têm um risco aumentado de desenvolverem mais anticorpos em transfusões futuras.

Relato de caso

Paciente do sexo feminino, portadora de anemia falciforme em acompanhamento ambulatorial, com tipagem sanguínea AB positivo com controle Rh negativo em transfusão relatada em 2013. Em 2019, aos 29 anos, durante gestação, necessitou novamente de transfusão de concentrado de hemácias, porém em exames evidenciando pesquisa de anticorpo irregular positivo com identificação de anti-D e genotipagem evidenciando um genótipo RHD parcial categoria VI, sendo então, orientado pela Agência Transfusional transfusão com hemácias Rh D negativo.

Discussão

Dentre os diversos sistemas do grupo sanguíneo, o sistema Rh é um dos mais complexos e o segundo mais importante, contendo mais de 200 alelos e sendo o responsável por vários casos de aloimunização. Ele contém 5 antígenos principais, a saber D, C/c e E/e, sendo o D o mais importante clinicamente pela sua imunogenicidade. O anti-D (-RH1) é um dos anticorpos mais importantes na medicina transfusional, precedido somente dos anticorpos ABO, devido ao seu potencial em causar reações transfusionais hemolíticas agudas e tardias severas e doença hemolítica do feto e do recém-nascido. Enquanto o fenótipo D negativo geralmente resulta de uma ausência completa de proteína RhD, o fenótipo D positivo pode resultar de uma gama de variantes D que podem ser categorizados como D fraco, D parcial e fenótipo DEL. Esses pacientes com fenótipo D variante podem produzir anti-D se imunizados com células D positivas. Sendo assim, a presença de um anticorpo anti-Rh não significa necessariamente um auto-anticorpo, podendo ser decorrente de uma aloimunização Rh em paciente com um alelo Rh variante. Essa classificação de variantes D é baseada não somente no genótipo, mas também no potencial de aloimunização, sendo que a frequência de variantes D pode mudar nas diferentes populações. Na população caucasiana, por exemplo, a variante DVI é a mais associada à produção de anti-D, já as variantes DI, DII e DIII, que são os fenótipos de D fraco mais comuns nessa população, raramente estão associadas à produção de anticorpos; enquanto que, na população africana, a variante DIIIa e DAR são as mais encontradas em pacientes com anti-D.

Conclusão

Considerando a importância clínica na prática transfusional da presença do anticorpo anti-D e o seu potencial desenvolvimento alogênico em pacientes fenotipados como RhD positivo, é imprescindível um conhecimento básico do sistema Rh de forma a diminuir aloimunizações, especialmente em pacientes com potencial de dependência transfusional.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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