O processo de vacinação em massa contra a COVID-19 levou ao surgimento, nos exames de PET-CT com 18F-FDG, de hipermetabolismo glicolítico nos linfonodos de drenagem regional do sítio de injeção. Nesse contexto, em função da dificuldade de diferenciação diagnóstica desses achados reacionais com lesões secundárias linfonodais, podem ser solicitados exames complementares confirmatórios (como seguimento por Ultrassonografia ou Tomografia) ou iniciados tratamentos baseados em eventuais falso-positivos. Nesse sentido, estudos e revisões passaram a indicar o reagendamento de PET-CT com 18F-FDG para até 6 semanas após a imunização. O presente estudo se justifica pela necessidade de uma melhor caracterização de tais efeitos morfometabólicos da imunização contra o SARS-CoV-2, observados no PET-CT com 18F-FDG, o que pode otimizar a diferenciação de achados caracteristicamente reacionais de outras hipóteses.

O presente estudo tem o propósito de descrever os padrões de imagem observados ao PET-CT com 18F-FDG associados à resposta inflamatória que surge após a vacinação, com diferentes tipos de imunizantes contra o SARS-CoV-2, bem como investigar a incidência de linfonodos de drenagem regional com hipermetabolismo glicolítico de natureza reacional relacionados, alterações de forma dos mesmos, além da duração e magnitude de tais alterações.

Foram avaliados, retrospectivamente, os exames de PET-CT com 18F-FDG e prontuários eletrônicos de 87 pacientes vacinados contra COVID-19, no ano de 2021, na cidade do Rio de Janeiro, sobretudo os imunizantes ChAdOxnCoV-19 (AstraZeneca – 36 pacientes) e Coronavac (Sinovac – 16 pacientes), quanto à forma do linfonodo de drenagem regional (normal x alterado), seus níveis metabólicos ao PET-CT, sua natureza (falso positivo para malignidade x reacional pós-vacina x normal) e a relação desses achados com o tempo desde a imunização, a idade e o tipo de imunizante.

Houve o surgimento de graus variados de hipermetabolismo glicolítico em linfonodos de drenagem regional após a vacinação contra a COVID-19, em 27,6 % dos pacientes, com relação inversa do SUVmax ao número de dias desde a imunização (rs= -0,590 e p-valor ≤ 0,001 para o sítio de injeção; rs = -0,416 e p-valor = 0,013 para o linfonodo axilar) e à idade do imunizado (rs= -0,376; p-valor = 0,024).; evidencia ainda que tais achados foram extremamente infrequentes após 4 semanas de imunização. Ademais, os resultados do estudo demonstram menor incidência de achados metabólicos pós-vacinais (6,3%), naqueles pacientes vacinados com o imunizante Coronavac, sem nenhum achado equívoco para natureza reacional inflamatória ou neoplásica, para este grupo.

O presente estudo demonstrou o surgimento de achados metabólicos reacionais pós-vacinais em PET-CT com 18F-FDG em pacientes imunizados contra o SARS-CoV-2, com relação inversa à idade e ao número de dias desde a imunização, bem como é um dos únicos a demonstrar menor repercussão da vacinação com o imunizante Coronavac nos estudos de PET-CT, uma vez que não levou a nenhum achado metabólico equívoco entre natureza reacional inflamatória e metabólica. Por fim, o trabalho demonstrou que a análise conjunta dos dados clínicos com os aspectos morfometabólicos observados ao PET-CT com 18F-FDG permite otimizar o diagnóstico diferencial de achados de natureza reacional e secundária.