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Vol. 46. Issue S4.
HEMO 2024
Pages S838-S839 (October 2024)
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EXSANGUÍNEOTRANSFUSÃO NO TRATAMENTO DA HIPERLEUCOCITOSE EM PACIENTE PEDIÁTRICO COM COQUELUCHE GRAVE - RELATO DE CASO
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RG Costaa, G Oelmullerb
a Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná - Hemonúcleo de Ponta Grossa, Ponta Grossa, PR, Brasil
b Hospital Universitário Regional dos Campos Gerais - Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Ponta Grossa, PR, Brasil
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Vol. 46. Issue S4

HEMO 2024

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Introdução

A hiperleucocitose é correlacionada à maior gravidade e desfechos ruins da coqueluche em crianças, podendo cursar com leucostase pulmonar, e elevar as taxas de mortalidade. A exsanguíneotransfusão (EXT) promove a retirada de sangue do paciente e sua substituição por sangue de um doador, removendo componentes sanguíneos anormais, mantendo o volume sanguíneo circulante adequado. Objetivos: relatar um caso de paciente pediátrico com hiperleucocitose decorrente de coqueluche, no qual se realizou a EXT.

Relato de caso

Paciente masculino com 25 dias, 4,5 kg, levado pelos pais ao PA por crise de tosse com engasgo e cianose. Admitido na UTI pediátrica com piora clínica. Evoluiu com paroxismos, queda de saturação, cianose e instabilidade hemodinâmica necessitando de drogas vasoativas, sedação e intubação. Na admissão: Hb: 15,3 g/dl; Leucócitos: 25.710/mm³; 81% de linfócitos (20.825/mm³). Persistiu desde admissão com perfil ventilatório ruim, ausculta pulmonar alterada, imagens com atelectasias de difícil resolução com ajustes ventilatórios e com dependência de parâmetros moderados a altos. O paciente apresentava sinais e sintomas sugestivos de Coqueluche com hiperleucocitose às custas de linfócitos. Coletada secreção de naso/orofaringe para a PCR em tempo real, a qual foi positiva para Bordetella pertussis . Fez tratamento completo com Azitromicina e vários outros antimicrobianos sem apresentar sinais de melhora. Após 10 dias de UTI a equipe multiprofissional decidiu por realizar a EXT de cerca de 1,5 volemia do paciente. Não houve intercorrências relacionadas ao procedimento. Após a EXT o paciente evoluiu com resolução exponencial dos achados clínicos e desmame nos dias seguintes dos dispositivos e medicações para suporte de vida. Evolução de internamento: dia 5: Hb: 12,4 g/dl; Leucócitos: 42.670/mm³; 70% de linfócitos (29.869/mm³). Dia 8 antes da EXT: Hb:11,70 g/dl; Leucócitos: 51.360/mm³; 66% de linfócitos (33.898/mm³). Dia 11: 1 dia após a EXT: Hb: 14,50 g/dl; Leucócitos: 13.300/mm³; 56% de linfócitos (7.448/mm³). Dia 18: alta da UTI pediátrica: Hb: 18,10 g/dl; Leucócitos: 13.990/mm³; 58% de linfócitos (8.114/mm³). Dia 22: alta hospitalar: Hb: 15,70 g/dl; Leucócitos: 11.290/mm³; 60% de linfócitos (6.774/mm³).

Discussão

Durante o internamento o paciente apresentou evolução sugestiva de coqueluche maligna (alta mortalidade em menores de 4 meses por riscos associados principalmente à hiperviscosidade sanguínea secundária a hiperleucocitose - entre eles trombose, lesão renal, alteração cardíaca). Ao longo dos dias apresentou aumento exponencial de leucócitos com linfocitose mesmo com escalonamento de terapia antimicrobiana. A realização da exsanguíneotransfusão como estratégia terapêutica disponível demonstrou ser um procedimento seguro capaz de reduzir a hiperviscosidade por leucorredução, proporcionado que se evitasse a curto prazo a falência de múltiplos órgãos. 8 dias após a EXT o paciente recebeu alta da UTI e 12 dias depois da EXT recebeu alta hospitalar.

Conclusão

Considerando a alta morbimortalidade dos quadros de coqueluche grave (maligna), os quais cursam com hiperleucocitose, a EXT demonstra ser um procedimento seguro quando realizado com os devidos cuidados e por profissionais capacitados, podendo proporcionar desfechos favoráveis ao paciente como no caso presente.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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