Introdução: O Mieloma Múltiplo (MM) é uma doença maligna, que se manifesta como lesões ósseas líticas, proteína monoclonal no sangue/urina e doença na medula óssea. O diagnóstico de uma neoplasia sólida primária em pacientes com MM é incomum. Relatamos um caso de um paciente com ocorrência de um tumor sólido em junção esofagogástrica que apresentava diagnóstico prévio de MM. Relato do caso: Paciente masculino, 65 anos, previamente hígido, interna em março de 2019 devido a fratura de diáfise de fêmur direito. Refere que vinha apresentando há 40 dias dor e fraqueza no mesmo membro. Realizada tomografia computadorizada (TC) da coxa direita, que revelou lesões osteolíticas na região do trauma. TC de tórax e abdome também demonstrava lesões osteolíticas por toda coluna vertebral e em alguns arcos costais. Aos exames laboratoriais, hemograma e leucograma sem alterações e presença de pico monoclonal na eletroforese de proteínas. Realizada correção da fratura de fêmur à direita e biópsia de lesão osteolítica e de medula óssea, confirmando o diagnóstico de mieloma múltiplo padrão IgA. Iniciado, protocolo de quimioterapia CyBord. Após, realizou transplante de medula óssea autólogo em novembro de 2019; entretanto, mantendo doença residual mínima. Em fevereiro de 2020 iniciou o uso de lenalidomida. Paralelo ao quadro, apresentou alterações nos exames laboratoriais de função hepática hepatomegalia ao exame físico em março de 2020. Nos exames de imagem, TC de tórax que apresentava opacidades nodulares em ambos os pulmões e ressonância magnética (RNM) de abdome revelou lesões hepáticas (a maior com 6,0 x 5,2 cm), sugerindo lesões metastáticas, que foram confirmadas por biópsia hepática com anatomopatológico de adenocarcinoma e imunohistoquímica compatível com sítio primário gástrico, confirmado, então, com lesão ulcerada na junção esofagogástrica à endoscopia digestiva alta. Após diagnóstico de neoplasia classificação Siewert II, paciente veio ao hospital com quadro de desorientação e agitação psicomotora, e foi realizado diagnóstico de acidente vascular cerebral isquêmico. Paciente acabou não resistindo e veio a óbito em abril. Discussão: O câncer primário sincrônico heterocrônico é um subconjunto onde o segundo câncer ocorre mais de seis meses após o primeiro. Nesse sentido, um estudo retrospectivo encontrou segundas neoplasias primárias em 0,73% e 11,7% dos casos de MM. Os principais locais de ocorrência de tumores heterocrônicos em neoplasias hematológicas, incluem estômago (26,7%), cólon, mama e esôfago. É difícil lidar com tumores heterocrônicos porque pode não ser possível fornecer tratamento simultâneo para ambos os tipos de doenças, devido aos tratamentos apresentarem toxicidades concorrentes. O tratamento depende da localização do tumor e pode envolver procedimentos cirúrgicos, radioterapia ou quimioterapia, a depender do subtipo diagnosticado. Conclusão: Ressaltamos que todos devem estar cientes de que duas neoplasias podem coexistir e ser alertados quanto a essa possibilidade ao avaliar pacientes no diagnóstico ou durante o acompanhamento. Todos os pacientes com MM devem ser cuidadosamente avaliados quando presentes lesões complexas em órgãos sólidos. O mesmo vale para quaisquer novas lesões ósseas líticas em um paciente alguma neoplasia sólida primária.
The Impact Factor measures the average number of citations received in a particular year by papers published in the journal during the two preceding years.
© Clarivate Analytics, Journal Citation Reports 2025
SRJ is a prestige metric based on the idea that not all citations are the same. SJR uses a similar algorithm as the Google page rank; it provides a quantitative and qualitative measure of the journal's impact.
See moreSNIP measures contextual citation impact by wighting citations based on the total number of citations in a subject field.
See more