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Vol. 43. Núm. S1.
Páginas S130-S131 (Outubro 2021)
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DERRAME PLEURAL EM LEUCEMIA MIELOIDE CRÔNICA: TUBERCULOSE COMO CONFUNDIDOR DE EFEITO COLATERAL PELO DASATINIBE
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AF Sá, LGO Correia
Fundação de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco (Hemope), Recife, PE, Brasil
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Introdução

Derrame pleural é um conhecido efeito colateral do inibidor da tirosina-quinase (ITK) de 2ª geração, Dasatinibe, e importante causa de interrupção do uso da medicação no tratamento de pacientes portadores de Leucemia Mielóide Crônica (LMC). A fim de evitar os possíveis impactos negativos de interrupções desnecessárias, é fundamental ao médico estar atento a outras etiologias possíveis de derrames pleurais. Nesse contexto, a tuberculose pleural se evidencia como diagnóstico diferencial pouco relatado em pacientes com derrame pleural em tratamento de LMC em uso de Dasatinibe.

Apresentação do caso

Paciente masculino, 75 anos, em tratamento para Leucemia Mielóide Crônica (LMC) havia 11 anos, passou a apresentar dispneia progressiva associada à dor pleurítica ao longo de 04 semanas. Negava episódios prévios semelhantes, febre, tosse ou edema de MMII. Vinha em uso de dose reduzida de Dasatinibe (40 mg) há mais de dez anos devido à mielotoxicidade, mantendo, porém, resposta molecular (MR 4,5). Decidiu procurar serviço de emergência, onde realizou radiografia de tórax que apresentou hipotransparência de terço inferior do hemitórax esquerdo associado a velamento de seio costofrênico esquerdo. Pela possibilidade de derrame pleural como efeito colateral ao uso de Dasatinibe, seguiu-se recomendação de interrupção do uso da medicação durante 15 dias para vigilância clínica. Como não apresentou melhora nesse período, seguiu-se investigação etiológica. Em investigação inicial, paciente apresentava leucometria dentro dos limites de normalidade, apenas com monocitose (>1.000 céls/mm3) em sangue periférico. Seguiu com realização de tomografia computadorizada (TC) de tórax que confirmou derrame pleural, sendo procedidas toracocenteses de alívio e diagnóstica, pelo que se determinou citologia global de 100 leucócitos (sendo 80% mononucleados), ADA de 21,1 U/L (v.r.: até 30,0 U/L) e cultura-BAAR negativa. Com apoio de equipe de cirurgia torácica, foi realizada biópsia pleural, que evidenciou processo inflamatório crônico granulomatoso com presença de necrose e células gigantes – achados compatíveis com tuberculose pleural. Iniciou-se, desse modo, tratamento com esquema RIPE (Rifampicina, Isoniazida, Pirazinamida e Etambutol). Como não apresentou hepatotoxicidade, o tratamento para LMC pôde ser retomado com segurança já no segundo mês de tratamento antituberculose. Em ambulatório de hematologia, completou tratamento antituberculose com mais 04 meses com esquema RI (Rifampicina e Isoniazida) e seguiu em uso de Dasatinibe, mantendo resposta molecular (MR entre 3 e 4,5). Segue em acompanhamento ambulatorial sem novas intercorrências.

Discussão

A interrupção racional do Dasatinibe em pacientes portadores de LMC que apresentam derrame pleural é uma medida cautelosa que deve ser acompanhada de investigação, principalmente, em casos como esse, no qual não houve melhora espontânea. Chegar ao diagnóstico de tuberculose pleural do modo mais ágil possível foi importante para o retorno do tratamento para LMC sem atrasos desnecessários. Paciente retomou Dasatinibe, mantendo resposta molecular.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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