Objetivo: Realizar uma revisão narrativa sobre o uso da técnica de geração de trombina (TGT) pelo método CAT (Calibrated Automated Thrombogram) para dar um panorama geral da sua utilização pelo mundo. Materiais e métodos: A busca foi realizada na base de dados PubMed utilizando os seguintes termos: calibrated automated thrombogram; calibrated automated thrombogram assay; calibrated automated thrombography, calibrated automated thrombin generation. Derivou-se então 407 artigos, os quais foram transferidos à plataforma Rayyan, onde passaram por uma seleção em que foram excluídos, com base na leitura do título e resumo: estudos com experimentos em animais, estudos de padronização e validação do TGT e revisões narrativas e sistemáticas. Resultados e discussão: Os temas mais recorrentes e descritos neste trabalho foram o uso no TGT na avaliação da trombose associada ao câncer, na pediatria (neonatos e crianças), nas hemofilias, nas doenças tromboembólicas e uso de medicamentos. A maioria dos estudos abordados neste trabalho correlacionam positivamente os parâmetros gerados pelo método CAT e o diagnóstico ou prognóstico dos pacientes em questão. Os principais parâmetros que mostraram associação com a clínica foram lagtime (corresponde ao período entre a adição dos reagentes disparadores e o início da produção de trombina), time-to-peak (tempo necessário para chegar ao máximo de produção de trombina), peak (concentração máxima de trombina produzida na fase de amplificação/propagação) e ETP (potencial de trombina endógena, que corresponde a quantidade total de trombina produzida). Em condições hipocoagulantes foram encontrados menores valores de ETP e peak e maiores valores de lagtime e time-to-peak. Já em condições hipercoagulantes foram encontrados maiores valores de ETP e peak e menores valores de lagtime e time-to-peak. Testes para avaliação da hemostasia têm grande importância no diagnóstico e prognóstico de diversas doenças, sejam elas hematológicas ou não. Nesse sentido, o TGT pelo método CAT apresentou-se como um teste capaz de analisar a GT de forma global. A capacidade deste método de sofrer variações de acordo com as condições de reação é um grande diferencial já que determinam quais vias pró e anticoagulantes irão contribuir para o resultado do ensaio. Conclusão: Pode-se observar que o TGT pelo método CAT tem aplicabilidade clínica no manejo de pacientes com desequilíbrio hemostático (hipo e hipercoagulabilidade), tanto no diagnóstico quanto no prognóstico. Entretanto, apesar de permitir uma avaliação mais ampla da hemostasia, esse método tem como principal desvantagem sua variabilidade, o que implica em resultados inconsistentes e algumas vezes incomparáveis. Essa inconsistência é consequência das possibilidades de manejo deste método, ou seja, as concentrações de fator tecidual, fosfolipídios, bem como o uso de inibidores da via intrínseca, condições ambientais e de coleta como por exemplo, a temperatura, transporte e tempo de punção, também causam interferência. Dessa forma, esse método ainda está muito concentrado em centros de pesquisas em países como Suécia, Áustria, Países Baixos, França, Alemanha, Irlanda, Reino Unido, Bélgica, Itália, Estados Unidos, Canadá, México, Malta, Noruega, Austrália, Turquia, Coreia do Sul, Finlândia, Brasil, Arábia Saudita, Grécia. Contudo, com os constantes avanços na padronização deste teste, a presença desta ferramenta na rotina de mais laboratórios torna-se iminente.