Objetivo: Avaliar a prevalência de doadores assintomáticos, contaminados pelos vírus da Dengue, Zika e Chikungunya, em diferentes regiões do Brasil. Material e métodos: Foram estudadas, no período de 07/02/2020 a 13/04/2020, 21.345 amostras de doadores de sangue, de diferentes regiões do Brasil. Da região sudeste (São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo) 12.448 amostras, da região centro-oeste (Goiás e Distrito Federal) 2.256 amostras, da região sul (Paraná e Rio Grande do Sul) 4.143 amostras e da região nordeste (Rio Grande do Norte, do Ceará e Bahia) 2.498 amostras. A análise foi feita através de técnica de detecção de ácidos nucleicos (NAT) (Cobas CHIKV/DENV e ZIKA – acid test for use on the cobas>® 6800/8800 Systems – Roche) em pool de 6 amostras. Os pools com resultado positivo foram desmembrados e as amostras foram testadas individualmente. Resultados: Das amostras analisadas, 33/21.345 (0,15%) apresentaram reatividade para Dengue e 5/21.341 (0,02%) foram reagentes para Chikungunya. Entre os doadores que apresentaram positividade para Dengue, 19/12.448 (0,15%) pertencem à região sudeste, 12/4.143 (0,30%) à região Sul, 1/2.256 (0,04%) à região centro-oeste e 1/2.498 (0,04%) à região nordeste. Entre os doadores com resultado positivo para Chikungunya, 3/2.498 (0,12%) pertencem à região nordeste, 1/2.256 (0,04%) à região Centro-oeste e 1/12.448 (0,008%) à região sudeste. Nenhuma amostra apresentou positividade para Zika. Discussão: No Brasil os doadores de sangue não são testados, de forma compulsória, para Dengue, Zika e Chikungunya. A prevalência dessas doenças em doadores de sangue em diferentes regiões do país e o risco de transmissão por transfusão não são conhecidos. Alguns estudos, observacionais para detecção dos vírus causadores de Dengue, Zika e Chikungunya por via transfusional foram realizados. No Brasil, país onde a prevalência das três doenças tem sido evidenciada, os estudos sobre a detecção dos 3 vírus em amostras de sangue dos doadores são escassos e de pequena abrangência regional. Neste estudo observamos maior prevalência do vírus da Dengue, em doadores assintomáticos, nas regiões sudeste (0,15%) e sul (0,30%). O vírus da Chikungunya foi detectado em maior frequência na região nordeste (0,023%). Estudos em doadores de sangue em países onde a Dengue é endêmica tem demonstrado taxas de viremia de até 0,4%. Os dados de literatura são escassos em relação à detecção do vírus da Chikungunya em amostras de sangue de doadores assintomáticos. Conclusão: Este estudo traz informações relevantes sobre a prevalência dos vírus da Dengue, Zika e Chikungunya em diferentes regiões do Brasil, bem como da taxa de doadores de sangue assintomáticos que apresentam viremia desses agentes infecciosos. Essas informações são de grande importância na prática hemoterápica no sentido da avaliação de medidas que visem reduzir os riscos de transmissão desses vírus por transfusão. Tais medidas podem incluir a necessidade de implementação de testes de triagem dessas viroses, de forma rotineira, ou sazonal em diferentes regiões do país.