Objetivos: Caracterizar os aspectos demográficos, clínicos e laboratoriais dos candidatos à doação de plasma convalescente e verificar a prevalência de soroconversão. Métodos: Os participantes foram convocados a partir da lista da vigilância epidemiológica ou demanda espontânea. Foram selecionados adultos entre 18 e 60 anos, preferencialmente homens e mulheres nuligestas, para redução do risco de Lesão Aguda Pulmonar Relacionada à Transfusão (TRALI). Após assinatura do TCLE foi aplicado um questionário e realizado coleta de sangue para titulação dos anticorpos IgG/IgM anti SARS-CoV-2 e sorologia para doação de sangue (HIV, HCV, HBV, HTLV, Chagas e sífilis). Os ensaios anti SARS-CoV-2 foram realizados pelo método quimioluminescência (Snibe, MAGLUMI). Resultados: Duzentos e sete participantes preencheram o questionário e realizaram a sorologia. A Média de idade foi de 39 anos (18-59 anos). Gênero masculino 172 (83,1%) e 35 (16,9%) feminino. A maioria residente na Grande Vitória (Vitória 74 (35,7%), Vila velha 53 (25,6%), Serra 49 (23,7%) e Cariacica 24 (11,6%). Destes, 34 (16,4%) deram IgG negativo, 108 (52,2%) o nível da IgG foi inferior a 9,9 AU/mL, 4 (1,9%) amostras com hemólise e 61 (29,4%) apresentaram anticorpos IgG acima de 10 AU/mL e foram elegíveis para a coleta do plasma convalescente por aférese. Entre os elegíveis, 42/61 preencheram critério de doação do plasma, 3/61 não aceitaram doar e 16/61 foram descartados por apresentar triagem sorologica positiva. Foram liberados para infusão 29/42 plasmas e descartados 13 (9 por doador ainda apresentar exame de RT-PCR positivo para SARS-CoV-2, 3 com níveis de IgG abaixo do critério de seleção e 1 teve anti-HBc positivo na doação do plasma). A mediana do tempo do inicio dos sintomas até a dosagem dos anticorpos foi de 47 dias (13-121 dias). Discussão: Dos 207 participantes, apenas 42 (20,3%) preencheram critérios de doação do plasma convalescente, por estarem conformes com a RDC 153 e Portaria consolidada n° 5, além do título de IgG dentro da faixa selecionada para doação. Mais da metade da amostra apresentou níveis de IgG abaixo de 10 AU/mL, que foi o ponto de corte para doação do plasma. Nos doadores de plasma foi observado um pequeno decréscimo nos níveis de IgG (entre a primeira e a segunda amostra), que foi acentuado naqueles cujos níveis de IgG eram maiores, com significância estatística. Houve perda de 3 plasmas por níveis de IgG abaixo do critério de seleção, no momento da doação e outros 13 devido ao resultado positivo do exame de RT-PCR, apesar da doação de sangue ser autorizada após 30 dias do fim dos sintomas da COVID-19. Dados da literatura sugerem que mesmo após a recuperação total, o exame RT-PCR positivo pode persistir até 90 dias do início dos sintomas. Foi observada correlação entre os níveis de IgG e a gravidade da doença. Não foi observado correlação entre os níveis de IgG e a gravidade da doença. A prevalência de soroconversão foi de 83,2%. Conclusão: A soroconversão ocorreu na maioria da amostra e não foi verificada associação entre os níveis de anticorpos anti-SARS-CoV-2 e a gravidade da doença, embora o número de pacientes graves ter sido pequeno. A persistência do exame positivo de RT-PCR no dia da doação do plasma convalescente, mesmo após ter mais de 30 dias do término dos sintomas, foi responsável pelo descarte significante deste hemocomponente, embora não se tenha dados de transmissão por esta via.