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Vol. 42. Issue S2.
Pages 129-130 (November 2020)
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Pages 129-130 (November 2020)
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PARACOCCIDIOIDOMICOSE EM PACIENTE COM MIELOFIBROSE PRIMÁRIA TRATADO COM RUXOLITINIB: RELATO DE CASO
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W. Mees, A.B. Medina
Universidade Regional de Blumenau (FURB), Blumenau, SC, Brasil
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Introdução: A mielofibrose primária (PMF) é uma neoplasia mieloproliferativa caracterizada por mieloproliferação clonal de células-tronco que é frequentemente acompanhada por mutações JAK2, CALR ou MPL. A única modalidade terapêutica capaz de prolongar a sobrevida ou curar a doença é o transplante de células-tronco alogênico. Por outro lado, a terapia medicamentosa tem função paliativa, limitando-se ao alívio dos sintomas e na redução do tamanho do baço. O emprego de Ruxolitinib é bem esclarecido para o tratamento, assim como seu efeito colateral com atividade imunossupressora. Objetivo: Relatar o caso de um paciente com paracoccidioidomicose (PCM) durante o tratamento farmacológico para PMF. Caso clínico: Masculino, 59 anos, atuando profissionalmente como pedreiro foi diagnosticado com PMF em novembro de 2019, IPSS intermediário-2. Iniciou uso de ruxolitinib em abril de 2020. Após 4 semanas de tratamento, mesmo com a melhora dos sintomas e do tamanho do baço, desencadeou um quadro de dor abdominal em pontada, de forte intensidade, em hipogástrio e com sinais de irritação peritoneal. A tomografia computadorizada (TC) de abdome revelou tumoração em íleo proximal. Desse modo, foi encaminhado para laparotomia exploratória com biópsia da lesão. Ao inventário da cavidade observou-se bloqueio de omento e delgado em área de íleo congesto, com nódulos difusos e vinhosos devido a congestão vascular secundária a linfonodomegalia no mesodelgado. Durante o pós-operatório evoluiu com pico febril. A TC de tórax evidenciou inúmeros micronódulos difusos em ambos os pulmões, com padrão miliar. A pesquisa de escarro foi negativa em 3 amostras coletadas. Procedeu-se então biópsia pulmonar para elucidação diagnóstica. A análise histopatológica demonstrou processo inflamatório granulomatoso crônico, com células multinucleadas gigantes com estruturas leveduriformes, compatíveis com paracoccidioidomicose. Iniciado tratamento com anfotericina 50 mg/dia com resolução completa do quadro após 30 dias de tratamento. Discussão:Paracoccidioidesspp. pode ser oportunista em pacientes com redução da imunidade celular, quer por doença subjacente, quer por tratamentos imunossupressores. Todavia quando correlacionada com o uso de Ruxolitinib não são encontrados quaisquer resultados na literatura. Shikanai-Yasuda et al., 2017 observaram que as diferentes modalidades clínicas apresentadas na PCM dependem da imunidade mediada por linfócitos T, de tal forma que indivíduos em áreas endêmicas para esse fungo apresentam-se com padrão T-helper [Th] tipo 1 de resposta imune, o qual produzcitocinas ativadoras de macrófagos e linfócitos TCD4+ e TCD8+, assim, aqueles que se tornam deficientes de resposta Th-1 evoluem para a gravidade da doença. Estudos (Hirano et al., 2017) reveleram que Ruxolitinib é capaz de diminuir a quantidade de células Th1, bem como a produção de diversas citocinas, como interferon-gama (IFN) e fator de necrose tumoral alfa (TNFα). Conclusão: As micoses sistêmicas devem sempre ser investigadas diante de um paciente com quadro clínico e histórico de uso de imunossupressor, principalmente no contexto da população brasileira que possa ter sido exposta à locais endêmico locais ou exposição laboral. O diagnóstico precoce e correto destas patologias infecciosas levam ao tratamento direcionado mais eficaz, e favorecem a resolução do quadro infeccioso e posteriormente a retomada do tratamento da doença de base.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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