Journal Information
Vol. 42. Issue S2.
Pages 237 (November 2020)
Share
Share
Download PDF
More article options
Vol. 42. Issue S2.
Pages 237 (November 2020)
395
Open Access
OLHOS DE LINCE: ABORDAGEM DIAGNÓSTICA E TERAPÊUTICA DE 3 CASOS DE LINFOMAS INTRAOCULARES
Visits
2124
J.P. Portich, A.S. Ribeiro, D.B. Lamaison, E.D.D. Santos, L.L.A. Silva, T.I. Barbeta, R.S. Ferrelli, T.C.M. Ribeiro, T.B. Soares, A.A. Paz
Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Porto Alegre, RS, Brasil
This item has received

Under a Creative Commons license
Article information
Full Text

Introdução: Os linfomas intraoculares são doenças raras, divididos em primários e secundários. Os primários podem envolver retina, espaço sub-retiniano, vítreo e nervo óptico. A incidência é baixa e a maioria são originários de células B. Os linfomas primários geralmente mimetizam uveíte e respondem ao tratamento com corticoesteróides, o que dificulta o diagnóstico. A doença é bilateral em 64 a 83% dos casos. Visão borrada ou redução da acuidade visual são os sintomas iniciais mais comuns. Objetivo: Devido à raridade de apresentação clínica, objetivamos demonstrar o diagnóstico e tratamento de 3 casos distintos de linfomas intraoculares de pacientes atendidos no serviço de Hematologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Relato de casos: O primeiro caso trata-se de paciente masculino de 44 anos, que apresentava edema palpebral havia 3 anos e volumosa lesão expansiva e infiltrativa na pálpebra esquerda, com envolvimento das estruturas pré e pós-septais, glândula lacrimal, gordura extra e intraconais (especialmente superior e lateral ao globo), porções dos músculos retos superior e lateral e oblíquo superior. Paciente realizou PET-CT com aumento de atividade metabólica somente nessa localização. Realizou biópsia da lesão com imuno-histoquímica compatível com linfoma da zona marginal. Paciente foi avaliado pela equipe da radioterapia e iniciou tratamento localizado, ainda em andamento. O segundo caso trata-se de paciente masculino de 66 anos com queixa de anteriorização do olho esquerdo havia 4 meses e angioressonância evidenciando lesão expansiva intraconal na órbita esquerda, medindo 1,9 x 1,7cm em músculo reto inferior esquerdo. Realizou teste terapêutico com prednisona com a equipe da oftalmologia, evidenciando boa resposta clínica. Posteriormente realizou biópsia da lesão que evidenciou linfoproliferação, com imunohistoquímica CD20+, CD23+, CD43+, BCL2 +, Ki67 baixo índice proliferativo e diagnóstico final de Linfoma de pequenos linfócitos CD5 negativo. Realizou radioterapia com 24Gy em 12 frações com excelente resposta e sem evidência de recidiva após 2 anos de follow-up. O terceiro caso trata-se de paciente do sexo masculino de 87 anos, com história prévia de melanoma cutâneo em face e hipertensão arterial sistêmica. Referia ptose e edema palpebral em olho esquerdo havia 1 mês, com piora progressiva. Apresentava massa expansiva envolvendo o globo ocular esquerdo em sua porção superior, medindo cerca de 3 cm e comprometendo o músculo reto superior e comprimindo o nervo óptico. Realizou biópsia da lesão que evidenciou linfoma de células B de alto grau sem expressão de CD20 e PET-CT com doença restrita a tal localização. Paciente não desejou realizar radioterapia, tendo realizado 6 ciclos de CVP com progressão de doença e posterior troca para GD. Conclusão: Os 3 casos acima descritos elucidam a heterogeneidade de apresentação clínica do linfoma intraocular. Apesar disso, reitera-se que realmente a origem em célula B é mais frequente. É necessária uma cooperação entre as equipes de oftalmologia, patologia e hematologia para a melhor caracterização destes casos. A abordagem terapêutica também pode ser variada e deve ser individualizada para cada paciente.

Idiomas
Hematology, Transfusion and Cell Therapy
Article options
Tools