Objetivos: Discutir os métodos de doping através de elementos hematológicos e analisar os riscos de saúde e o crescimento de sua aplicação no esporte amador. Materiais e métodos: Estudo de revisão sistemático qualitativo a partir de bases de dados como a Biblioteca Virtual Saúde (BVS) e DATASUS, na língua inglesa e portuguesa. A coleta de dados foi realizada no período de junho a 17 de agosto de 2020. Para viabilizar a coleta de dados foram utilizados como descritores “Doping sanguíneo and Doping com EPO” e “Doping amador”. Dessa forma, a amostra foi composta por dezesseis publicações, incluindo artigos científicos e capítulos de livros. Resultados e discussão: O contexto em que se assenta o esporte profissional é uma constante competição por excelência.. Com isso, muitas pessoas procuram atalhos, muitas vezes por meio de substâncias ilegais. Destarte, em 1999 foi criada a Agência Mundial Antidoping (WADA), responsável por encabeçar o combate ao doping esportivo. Uma técnica de potencial ergogênico muito utilizada envolve a utilização de elementos sanguíneos, sendo proibido o uso de sangue com essa finalidade desde 1985. A princípio, uma das maneiras em que se era feita essa dopagem era através da transfusão autóloga de sangue, no entanto mais recentemente, faz-se muito a aplicação de eritropoetina humana recombinante (rHuEPO) com a mesma finalidade. Em ambos os casos, a aplicação do doping beneficia atletas que disputam provas de resistência, sendo o maior exemplo o ciclismo de estrada, esporte no qual ficou famoso o grande escândalo envolvendo o atleta Lance Armstrong. Tanto a rHuEPO, quanto a transfusão autóloga de sangue tem como finalidade aumentar a potência aeróbica máxima e o rendimento submáximo durante o exercício, tendo em vista que aumentam a capacidade de transporte de oxigênio no sangue com a eritrocitose. A partir do ano 2000, tornou-se possível rastrear o uso de rHuEPO através da micro-dosagem. Hoje em dia, existem várias maneiras de fazer a detecção de rHuEPO, como através de parâmetros hematológicos, detecção com base em genes e uso de marcadores de peptídeos. No entanto, a evolução no rastreio do uso de dopagem não foi suficiente para frear sua aplicação. Em 2016, segundo a WADA o Brasil foi responsável por 10% dos testes positivos para utilização de rHuEPO nos esportes mundiais, todavia, o mais assustador é o que acontece no esporte amador. O fácil acesso a substância associado ao estímulo de promoção de imagem através das redes sociais tem aumentado muito a dopagem nos desportos amadores, que aderem ao uso dessas substâncias sem completa ciência dos riscos aos quais estão se expondo. A eritrocitose promovida acaba resultando no aumento do hematócrito sanguíneo, consequentemente, há o aumento da viscosidade do sangue e a redução do trabalho cardíaco, sendo um fator predisponente para a ocorrência de trombose venosa e tromboembolismo pulmonar. Conclusão: Muito embora cresça a detecção e combate ao abuso do uso de EPO como ferramenta de doping, preocupa a resistência das pessoas em manter sua aplicação. A falta de rastreio de doping no esporte amador e o incentivo gerado pelas redes sociais acentua a problemática em que atletas acabam utilizando atividades que deveriam promover a boa saúde e, no lugar, colocam em risco suas vidas para aumentar o desempenho.
Palavras-chave: Doping; Sangue; EPO; Esporte.