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Vol. 42. Issue S2.
Pages 480 (November 2020)
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DESFECHOS TROMBOEMBÓLICOS NA INFECÇÃO POR SARS-COV-2: O QUE ESPERAR?
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G.O. Campos, J.M. Silber, A.C.M. Marques, G.G.E. Ortega, M.P. Freitas, B.F. Mesquita, V.C. Giongo, E.L. Silveira, M.A.S. Junior, L.G.D. Jr
Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP), Ribeirão Preto, SP, Brasil
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Objetivos: Identificar e resumir evidências científicas sobre a incidência de alterações hematológicas e complicações tromboembólicas em pacientes com COVID-19. Material e métodos: Revisão sistemática da literatura utilizando base de dados on-line PubMed. Os termos de pesquisa utilizados foram: Coronavirus OR COVID-19 OR SARS-CoV-2 AND thromboembolism. Foi realizado levantamento bibliográfico do período de janeiro de 2020 a agosto de 2020. Foram considerados critérios de inclusão artigos completos, realizados em humanos, estudos publicados em inglês e espanhol. Foram excluídos artigos que não apresentaram como temática central eventos tromboembólicos na COVID-19. Foram selecionados 273 resultados, e de acordo com os critérios de inclusão e exclusão, restaram 59 artigos. Resultados: Eventos tromboembólicos associados a Covid-19 são descritos em casos graves da doença. Desta forma, é comum o aparecimento de complicação hematológica decorrente de distúrbio de coagulação, o qual predispõe o desenvolvimento de um estado pró-trombótico. As principais alterações hematológicas relatadas nos artigos foram: aumento dos níveis de dímero-D em 86,4% dos artigos, aumento fibrinogênio em 30,5% e interleucina-6 em 25,42%. Foi observado também aumento do tempo de protrombina e proteína C-reativa em 23,72%, aumento de ferritina em 16,94%, linfopenia em 15,25%, aumento de fator VIII em 11,86% e fator de von Willebrand em 8,47% dos artigos selecionados. Discussão: De acordo com os estudos publicados até o momento, dentre as alterações encontradas nos paciente com COVID-19, destacam-se as alterações hematológicas tais como aumento dos níveis de dímero-D, prolongamento do tempo de protrombina e aumento de fibrinogênio. Outras anormalidades laboratoriais encontradas incluíram elevação de marcadores pró-inflamatórios e substâncias que permitem acompanhar a gravidade da doença. Entre eles encontram-se a interleucina-6 e proteína C-reativa. Por desencadear uma síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA), a infecção por SARS-CoV-2 apresenta um quadro de hipoxemia associado, podendo assim agravar o estado de hipercoagulabilidade, isquemia e lesões pulmonares. Esse estado pode ser devido a “tempestade de citocinas” relatada em uma fase mais tardia da doença. Ainda não se sabe ao certo qual o exato mecanismo fisiopatológico da coagulopatia associada a infecção por SARS-CoV-2, mas acredita-se haver presença de lesão endotelial e hipoxemia nos capilares pulmonares, levando a um processo de isquemia e obstrução. Desta forma, ocorre um comprometimento da ação fibrinolítica, desencadeando um estado pró-trombótico, que reduz a capacidade de remoção de depósitos de fibrina no espaço alveolar bloqueando as trocas gasosas. Desta forma, alguns estudos relataram melhora do prognóstico em pacientes graves que fizeram uso profilático de terapia anticoagulante, relatando uma menor taxa de mortalidade. Conclusão: Os estudos já publicados mostram a presença de eventos tromboembólicos nos casos mais graves, devido à prováveis mecanismos relacionados ao aumento da atividade de fatores de coagulação específicos. A melhora do prognóstico em pacientes que fizeram o uso de terapia anticoagulante fortalece a associação de eventos tromboembólicos na patogênese da COVID-19. Novos estudos são necessários para um melhor entendimento dos desfechos tromboembólicos na infecção por SARS-CoV-2.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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