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Vol. 42. Issue S2.
Pages 337-338 (November 2020)
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Vol. 42. Issue S2.
Pages 337-338 (November 2020)
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ANTI-A PASSIVO APÓS INFUSÃO DE IMUNOGLOBULINA: RELATO DE CASO
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A.B.V.D. Santos, M.C.A. Olivato, C.G. Schimidt, R.C.S. Alves, D.E. Fujimoto, A.C. Coletti, S.M. Luporini, P.B. Soares, C.H. Godinho, V.F. Dutra
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
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Relato de caso: Paciente feminina de 1 a e 10 meses, grupo sanguíneo A positivo, apresentou teste direto da antiglobulina (TAD) positivo, sendo identificado no eluato um anticorpo IgG, anti-A. Em avaliação retrospectiva, a paciente recebeu 3 transfusões de plaquetas randômicas e uma de hemácias, todas ABO idênticas. Em avaliação de prontuário foi constatado que, cinco dias antes da detecção do anticorpo, paciente havia recebido tratamento com imunoglobulina (IGIV), apresentando níveis de hemoglobina (Hb) de 12 g/dl e plaquetas de 4000/mm3, e, quatro dias após uma dose de 2 g/kg, apresentou queda do valor da hemoglobina para 8,7 g/dl com plaquetas de 26000/mm3. Da mesma forma, dois meses antes, quando também havia recebido imunoglobulina, lactente apresentava Hb de 9,3 g/dL e plaquetas de 10000/mm3 no dia da infusão e, três dias após, foi detectado decréscimo dos níveis de Hb para 6,9 g/dL e plaquetas 6000/mm3, com necessidade de transfusão de concentrado de hemácias. Contudo, nessa ocasião, o TAD não foi realizado. Além disso, por ter sido um achado retrospectivo, em nenhuma das ocasiões foi possível realizar provas de hemólise. Discussão: A presença de anti-A no TAD sugere um anticorpo passivo, tendo sido excluídas causas transfusionais, uma vez que todos hemocomponentes recebidos eram isogrupos. A IGIV é comumente usada como um tratamento imunomodulador para pacientes com doenças autoimunes e inflamatórias. Neste sentido, é importante frisar que a diversidade antigênica do painel de imunoglobulina é assegurada através da preparação de IVIG a partir de plasma combinado obtido de milhares de doadores saudáveis, possuindo títulos mensuráveis de anticorpos anti-A e anti-B, que variam entre diferentes preparações, dependendo da distribuição dos tipos de grupos sanguíneos no doador de plasma. Apesar de a literatura mostrar casos isolados de hemólise pelo uso de IGIV, o título de isohemaglutininas em IGIV é limitado ao máximo de 1:64. Porém, há descrição de associação entre hemólise clínica e títulos maiores que 1:16. Além disso, estudos com IGIV demonstraram que há diferença entre as preparações e que os valores da titulação podem ser diferentes conforme o teste utilizado. Em análise bibliográfica, observou-se que nos relatos inferidos de hemólise induzida por IGIV, a maioria foi devido à administração de doses de pelo menos 2 g/kg de IGIV (97%), sendo este evento mais relatado em pacientes com grupo sanguíneo A (65%) ou AB (26%). Por conseguinte, relatamos um efeito colateral incomum relacionado à infusão de IGIV, porém potencialmente grave, inclusive com necessidade de suporte hemoterápico. Conclusão: Apesar de ser um efeito colateral incomum, pode ocorrer hemólise clínica grave, sendo os grupos de maior risco crianças e grupos sanguíneos não O. A capacidade desses anticorpos de causar hemólise clinicamente significativa pode resultar de uma combinação de fatores, incluindo a dose de IGIV utilizada, o título de anticorpo na preparação da IGIV, a afinidade do anticorpo para o antígeno e o nível de expressão de antígeno nas hemácias do paciente. Deve-se então ter ciência dessa complicação e considerá-la como diagnóstico diferencial.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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