Objetivos: Promover conhecimento ao hematologista sobre os resultados da transfusão intrauterina (TIU) no tratamento da anemia fetal. Além disso, estimular um trabalho conjunto ao especialista em Medicina fetal, a fim de obter um tratamento mais eficiente. Material e métodos: Aborda-se uma Revisão Sistemática realizada por meio dos dados da Scientific Electronic Libary Online (SciELO), PubMed e Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) na língua inglesa e portuguesa, no período de 1 a 17 de Agosto de 2020. Os descritores utilizados foram: “Anemia Fetal” e “Transfusão intrauterina e Anemia Fetal”. Com isso, a amostra foi composta oito por publicações. Resultados: Com a transfusão intrauterina como tratamento da anemia fetal a sobrevida neonatal é descrita superior a 90%, variando com a experiência do operador e presença de hidrópsia fetal. As complicações relatadas são: hiperbilirrubinemia, trombocitopenia, colestase e anemia hiporregenerativa, essa apresentada até 3 meses depois do nascimento e tem incidência descrita em 30%, necessitando de uma nova transfusão de hemácias. Com relação as consequências a longo prazo da transfusão intrauterina, 25% das mães aloimunizadas formam anticorpos. O neurodesenvolvimento seguiu os padrões normais em 95% das crianças avaliadas pelo estudo LOTUS (maior estudo realizado em casos de anemia hemolítica) a paralisia cerebral foi vista em 2%, assim como atraso grave no desenvolvimento foi visto em 3% e surdez em 1% dos casos analisados. Os fetos hidrópicos aloimunizados com a transfusão intrauterina tem resposta variável, visto que no estudo LOTUS a hidrópsia fetal grave representou 30% das crianças, enquanto que Harper et al constou morbidade ou mortalidade em 22% das crianças analisadas. Ademias, fetos hidrópicos devido a infecção por parvovírus B19 tem taxa de sobrevida de 67-84%, sugerindo toxicidade neural diretamente por parte do vírus. Discussão: A anemia fetal pode ser causada por diversos fatores, entre eles a aloimunização de glóbulos vermelhos, a infecção por parvovírus B19, hemoglobinopatias e hemorragia feto-materna. Essa enfermidade é classificada com relação ao grau de desvio da hemoglobina média prevista para a idade gestacional. Geralmente o quadro de hidrópsia não é apresentado até que a deficiência de hemoglobina seja maior que 7 g/100 mL ou o valor absoluto de hemoglobina seja menor que 5 g/100 mL. A abordagem intravascular no topo placentário tem obtido melhor performance que a transfusão intraperitoneal, desse modo também possibilita calcular o valor a transfundir, a hemoglobina e o hematócrito finais de forma mais precisa. Condição que permite mais individualidade a segunda transfusão, pois a especificidade e sensibilidade do pico sistólico da artéria cerebral média como rastreio de anemia fetal grave diminui após a primeira TIU. A abordagem cardíaca deve ser feita em raros casos. O tratamento da anemia fetal grave não é possível sem o recurso à TIU, visto que a mortalidade fetal diminuiu significativamente com esta terapêutica. Conclusão: A transfusão intrauterina é uma alternativa eficiente e segura no tratamento da anemia fetal. É importante que as complicações advindas desse procedimento sejam revertidas rapidamente, assim como é benéfico o auxílio do hematologista no diagnóstico e manejo dessa comorbidade.
Palavras-chaves: Anemia fetal; Transfusão intrauterina.