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Vol. 42. Issue S2.
Pages 513 (November 2020)
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A EXPERIÊNCIA DE PROFISSIONAIS ATUANTES NA TRIAGEM CLÍNICA DE CANDIDATOS À DOAÇÃO DE SANGUE DE UM SERVIÇO PÚBLICO DE HEMOTERAPIA DIANTE DA PANDEMIA DE COVID-19
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C.M.G. Moraes, C.N. Fonseca, S.V.M. Galvão
Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Estado de Minas Gerais (Hemominas), Belo Horizonte, MG, Brasil
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A infecção pelo novo coronavírus, descoberto na China em dezembro de 2019 e causador da doença nomeada Covid-19, tem apresentado impacto mundialmente significativo e sem precedentes no modo de vida das pessoas e nos sistemas de saúde. Desde que foi declarada a situação de pandemia pela Organização Mundial da Saúde, em março de 2020, medidas robustas têm sido implementadas em todo o mundo na tentativa de conter a disseminação da Covid-19, haja vista o alto potencial de transmissibilidade e mortalidade do vírus. Os Serviços de Hemoterapia precisaram se ajustar para garantir a segurança de doadores, profissionais e receptores do sangue, além de manter os estoques conferindo qualidade aos hemocomponentes doados. Diante do cenário pandêmico, os profissionais triagistas de candidatos à doação de sangue precisaram adotar o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI's) adicionais (máscara cirúrgica, luvas e protetor facial) e reforço nas medidas de higiene de materiais, mobiliários e equipamentos, a fim de proteger os próprios profissionais e os doadores e ainda incluir critérios adicionais na avaliação, com foco na possível infecção por coronavírus. Mudanças em áreas de espera foram necessárias para garantir o distanciamento dos doadores, bem como reforçou-se o agendamento como estratégia importante para garantir a adequação do número de pessoas circulantes no local e diminuição de tempo de espera e consequente permanência do doador no serviço. Na vigência da Covid-19, surgiram entre os triagistas inúmeras incertezas diante do desconhecido, tais como: medo de contrair o vírus; medo de, mesmo assintomático, transmitir o vírus aos candidatos a doação de sangue durante o atendimento, ou a familiares, devido maior exposição diária do profissional, incluindo em atuação em outros serviços em contato direto a pacientes suspeitos/confirmados com Covid-19; dúvidas quanto aos EPI's realmente necessários para a função e adequações necessárias ao ambiente do consultório de TRC (espaço, ventilação, frequências de desinfecção do ambiente, o que fazer após atender um candidato a doação que se enquadre como inapto por estar sintomático ou ter tido contato com caso suspeito/confirmado, dentre outros). A estes, soma-se lidar com a insatisfação de doadores diante da inaptidão clínica, situação que demanda ainda mais do triagista já afetado emocionalmente em tempo de pandemia, e demais fatores que contribuem para o desgaste a longo prazo desses profissionais: caráter repetitivo do processo, pressão para diminuição do tempo de triagem para que não ocorra espera dos doadores; possível omissão de informações por parte dos doadores; diferentes níveis de entendimento de cada doador. A partir desse relato de experiência, ressalta-se a importância de repensar as práticas e ajustar processos de trabalho para melhoria contínua do serviço prestado ao doador de sangue. O atendimento de qualidade ao doador, mais do que fidelizá-lo, é essencial para a manutenção da segurança do ciclo do sangue. A saúde física e mental dos profissionais neste momento deve ser alvo de atenção e cuidado. Faz-se necessário o compartilhamento de percepções e experiências no intuito de possibilitar reflexões, trocas de experiências e possíveis aprimoramentos a profissionais, serviços e comunidade, envolvidos no processo de doação de sangue, bem como, a busca de alternativas possíveis, estruturadas em debates acadêmicos.

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Hematology, Transfusion and Cell Therapy
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